RENATO RIELLA
Os analistas políticos usam uma imagem horrível para definir alguém que se queimou demais diante da opinião pública: ele ficou leproso. Vale para políticos presos, ou para aqueles denunciados de forma escandalosa, ou mesmo para os cassados.
O “leproso” passa a ser evitado por todo mundo. Ninguém visita o seu gabinete, nem tira fotos com ele e evita até falar com o indivíduo, até que se recupere (e muitos se recuperam).
O projeto da Copa do Mundo 2014 ficou leproso. Nem mesmo a presidente Dilma Rousseff tem coragem de assumir de frente este evento, temendo vaias.
Seus principais opositores são Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). Um foi recentemente governador de Minas Gerais e o outro, de Pernambuco. Ambos viveram momentos entusiasmados nos preparativos para a Copa, com obras em estádios e em pontos da cidade, mas agora não querem nem ouvir falar neste assunto maldito.
Resta Pelé, que já se queimou tanto, ao defender a Copa do Mundo. Este acabou mudo. O deputado Romário, desde o primeiro momento, denuncia os abusos da Fifa e da CBF. E Ronaldo Fenômeno, membro do comitê organizador da Copa, virou inimigo do evento.
Zagalo falou duramente contra os preparativos da Copa do Mundo, assim como o discreto Zico.
Só falta agora a modelo Gisele Bundchen se pronunciar. Ela foi chamada para entregar a taça da Copa do Mundo ao vencedor do certame, em julho. Será que aceitará? Será que correrá o risco de ser vaiada num evento transmitido para mais de três bilhões de pessoas em todo o mundo?
Bandeiras comemorativas da Seleção Brasileira aparecem timidamente nos carros, mas ninguém tem coragem de defender abertamente os preparativos da Copa do Mundo, depois que a filha de Ricardo Teixeira e neta de João Havelange, Joana Havelange, reconheceu que já se roubou demais nesta Copa.
Posso até assistir dois ou três jogos em Brasília, mas prefiro que ninguém saiba. A Copa do Mundo ficou leprosa e vai ser curada a flechadas.