RENATO RIELLA
Vi dois filmes sensacionais.
O primeiro, O Impossível, conta a milagrosa história de cinco pessoas da mesma família espanhola que saíram vivas do tsunami da Tailândia. E em nenhum momento ninguém fala de Deus. Como se tudo fosse mero acidente, mera coincidência.
O segundo filme, As Aventuras de Pi, fala de um incrível adolescente indiano. Depois do naufrágio de um navio, ele vê-se dias e dias dentro de um grande bote salva-vidas em companhia de um tigre adulto – faminto. E conversa com Deus durante toda a “viagem”.
Prefiro o segundo. Me fez pensar mais. E ampliou muito a minha fé.
O filme do garoto indiano reflete bem a inquietação do seu povo diante da crença em diversos deuses. É interessante como isso evolui à medida que a população se torna mais esclarecida, em busca de novas respostas. O adolescente náufrago, nas cenas mais emocionantes e perigosas, nos leva a refletir sobre a fé e as nossas vacilações.
No filme O Impossível, em meio a tanto drama pós-tsunami, as cenas filmadas não refletem nenhum questionamento místico ou religioso – como se o diretor tivesse decidido que isso não existe em nenhum povo. Ficou irreal nesse sentido.