SILVESTRE GORGULHO
Controvérsias? Como o brasiliense gosta de uma boa controvérsia. Exemplo: o Parque da Cidade viveu esse drama. Primeiro foi chamado de Parque Rogério Pithon Farias. Depois, sequencialmente, Parque Ana Lídia, Parque dona Sarah e até Parque Iolanda Costa e Silva. E, no final voltou a ser Parque da Cidade.
O mesmo está acontecendo com a Ponte do Lago Sul, belíssimo projeto de Oscar Niemeyer.
HISTÓRIA – – “A Ponte Costa e Silva, projetada por Oscar Niemeyer, foi construída em dois momentos bem distintos. Concreto protendido e estrutura metálica, lembra o arquiteto Carlos Magalhães da Silveira.
A licitação foi feita pelo prefeito Wadjô Gomide (1967 a 1969) com endereço certo, como diziam na época, mas que foi vencida de forma surpreendente, junto com o projeto estrutural pelo engenheiro calculista Sérgio Marques e Souza, da SOBRENCO, que construía no Rio de Janeiro o elevado Paulo de Frontin. Obra complexa, já bem adiantada que mais adiante se relaciona fortemente com a Ponte.
NO RIO E EM BRASÍLIA – HÁ 47 ANOS – No Rio, o viaduto Paulo de Frontin desaba na manhã de sábado, em 20 de novembro de 1971, soterrando 48 pessoas. A construtora SOBRENCO sente o golpe. Enquanto discute as razões da catástrofe, paralisa o Elevado do Rio e também a Ponte de Brasília.
Explica Carlos Magalhães que o sistema construtivo adotado aqui na ponte exigia que grande número de cabos de protenção. Eles ficavam apoiados em barcaças na superfície do lago. Ficaram ali, depois do acidente do Rio, até que as primeiras tempestades e ventanias afundassem as barcaças e embaraçassem definitivamente os cabos tornando impossível nova utilização. O problema estava criado. Só foi resolvido com o reinício das obras.
A SOLUÇÃO – A solução foi dada pela empresa Figueiredo Ferraz, de São Paulo, em 1975. Junto com a competência da CSN, os calculistas da FF modificaram o projeto para construir o módulo central em chapas metálicas, completando a estrutura de concreto com as esperas convenientes.
Depois de pequena navegação pelo Lago Paranoá o módulo metálico foi posicionado corretamente e completou o vão central. E a ponte foi inaugurada em 1976.
GRANDE REFORMA – No governo José Aparecido, a Ponte recebeu retoques com a supervisão de Oscar Niemeyer, autor do projeto. O secretário de Obras era justamente Carlos Magalhães da Silveira. Explica ele:
– Levantamos o nível das calçadas laterais para que fosse possível a passagem de adutoras que ainda hoje abastecem o Lago Sul.
– Trocamos os parapeitos pesados, de concreto armado por outros mais leves moldados em chapas metálicas que permitem melhor visão para os que passam.
– Melhoramos a iluminação.
– Finalmente fizemos a terceira pista da Ponte que desafogou o trânsito e funciona corretamente até hoje.”
PONTE DO OSCAR – Agora os deputados distritais tiraram o nome de Ponte Costa e Silva [para colocar um ponto final às homenagens da ditadura] e dão a ela o nome de Honestino Guimarães, em projeto-de-lei. O nome de Honestino também caiu. E caiu em boa hora. Era demais.
Aliás, nem Oscar e nem o dr. Lucio queriam que prédios, monumentos e ruas em Brasília tivessem nome de pessoas. Mas isso não foi cumprido.
Taí o Museu Nacional de Brasília que recebeu o nome de Honestino Guimarães. A Biblioteca Nacional que recebeu o nome de Leonel Brizola, o Centro de Convenções o nome de Ulysses Guimarães.
Justamente quem pensou Brasília não tem nada no nome deles.
ENEM CANDANGO DE CIDADANIA
Brasília tem hoje quatro pontes sobre o Lago. Breve, deverá ter a quinta ponte do Lago Norte.
Se for para mudar de nome, vamos pensar juntos. Num equilíbrio que misture história, urbanismo, homenagem e reconhecimento, que tal as outras quatro pontes terem os seguintes nomes, já que uma é dedicada a JK:
1 – Israel Pinheiro (a do Gilberto Salomão)
2 – Ponte Oscar Niemeyer (a Costa e Silva)
3 – Ponte Lucio Costa (já projetada e que será construída no Lago Norte)
4 – Ponte Joaquim Cardozo ou Ernesto Silva ou até mesmo Luiz Cruls – (atual Ponte do Bragueto).
Acho que este ENEM Candango vale até como exercício de cidadania.
