RENATO RIELLA
Reportagem de hoje do Correio mostra a insatisfação da população do Lago Sul com relação aos vinte totens pretos instalados na região, parecendo grandes transformers destinados à exploração de publicidade no DF.
Os totens foram colocados repentinamente entre a QL 2 e a QL 14 do Lago Sul, provocando debate e insatisfação entre moradores e trabalhadores da região.
Não houve nenhum contato prévio com a comunidade da Região Administrativa, que é bastante exigente e até já impediu a construção de um grande shopping na beira da Ponte JK.
As instalações são grotescas e agridem a paisagem, sendo colocadas à beira da pista, na calçada, onde já existem placas da empresa Samusa, há muito tempo em funcionamento com propagandas diversas.
Segundo o Correio, as cerca de 20 peças pintadas de preto, com pouco mais de dois metros de altura, anunciam uma “surpresa” para quem caminha a pé.
Os objetos pertencem à empresa Embrasil-EU e serviriam para fazer publicidade e, ao mesmo tempo, disponibilizar álcool em gel e protetor solar gratuitos para pedestres.
Ninguém explica porque essa empresa de Manaus de repente desembarcou em Brasília, caída do céu, para explorar o mercado publicitário, já tão carente de recursos. Veículos diversos de comunicação que existem no DF precisam se mobilizar contra essa concorrência “patrocinada” pelo Governo do DF.
A principal queixa é que as novas placas causam poluição visual. O Iphan precisa questionar essa quebra de parâmetro na paisagem horizontal de Brasília.
O Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER) emitiu a autorização para a instalação dos equipamentos. Ainda estão previstos 400 na região administrativa e no Plano Piloto.
Essa concessão de uso, pelo que se vê, foi feita sem licitação e causa suspeita, pois representa investimento e perspectiva de alto faturamento, devendo ser investigada pelo Tribunal de Contas do DF,
Na visão da prefeita comunitária do Lago Sul, Edlamar Batista Pereira, o primeiro problema é que nem o DER nem a empresa consultaram os moradores da região sobre a instalação dos totens.
Segundo ela, a comunidade costuma ser contra publicidade, por causa da poluição visual. “Nós combatemos fortemente as placas e os anúncios irregulares há cerca de oito anos. A situação melhorou por uns tempos. Porém, desde 2012, vem piorando novamente. Nós lamentamos esse tipo de propaganda institucional. É uma agressão ao bairro e ao meio ambiente”, analisou. “Nós não fomos avisados, mas vamos procurar o DER.”
Proprietário da empresa responsável pelas peças publicitárias, Samir Astassie afirmou que os totens são ecologicamente sustentáveis e, ao fornecerem álcool gel e protetor solar gratuitamente, colaboram com a saúde pública.
Ele diz que “os produtos são autorizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A verba para os produtos virá da publicidade. Nossa responsabilidade será reabastecer os equipamentos”, argumentou.
É tudo muito suspeito. Deve haver algum padrinho de grande prestígio político por trás dessa novidade.