Tudo está indo mal no Brasil, mas pelo menos a agricultura se salva.
A produção de grãos na safra 2014/2015 chegará a 198,54 milhões de toneladas, segundo o sexto levantamento da Conab, divulgado hoje (10).
A estimativa caiu em comparação aos 200 milhões de toneladas projetadas no quinto levantamento divulgado em fevereiro. Mas supera em 4,98 milhões de toneladas, ou 2,6%, os 193,5 milhões da safra passada.
A falta de chuva em janeiro contribuiu para a redução das estimativas. No entanto, a Conab avalia que a tendência agora é buscar a recuperação, pois o impacto nas lavouras foi menor do que o esperado. A tendência, daqui para a frente, é a estabilização do clima.
No caso da soja, tradicionalmente destaque da safra, a Conab informou que os problemas climáticos prejudicaram a produtividade no Sudeste, parte do Centro-Oeste e na região conhecida como Matopiba, que reúne Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
Apesar disso, a produção do grão ainda deve superar a registrada na safra 2013/2014. A estimativa é que sejam produzidas 93,26 milhões de toneladas de soja, que representam um incremento de 8,3%, em comparação à safra anterior.
Já para o milho de primeira safra, é esperada redução de 6,1% em relação à última safra, com produção de 31,65 milhões de toneladas. Os produtores plantaram menos, em razão do preço mais atraente da soja.
“Mais de 40% da soja e aproximadamente 30% do milho [já estão colhidos]. Principalmente Goiás, Entorno de Brasília e parte dos estados do Matopiba, já foram afetados [pelos problemas climáticos]. Essa queda da soja, dentro do que estava previsto, eu entendo que já se consolidou”, avaliou o presidente da Conab, Rubens Rodrigues dos Santos.
Ele acredita que a safra 2014/2015 ainda pode retornar ao patamar de 200 milhões de toneladas, projetado inicialmente. “Ainda sou otimista. Podemos ter alguma surpresa positiva em alguma região no que se refere à produtividade, principalmente no que diz respeito ao Rio Grande do Sul, onde a colheita demora um pouco ainda”, analisa.
O secretário substituto de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Luciano Carvalho, ressaltou que a crise hídrica afetou a safra, mas as dimensões não são significativas. “Foi bastante intensa a crise. Mas pegou a fase das culturas em momentos mais propícios e enxergamos uma segunda safra bem mais promissora”, disse, mencionando a expectativa da Conab de clima mais favorável a partir de agora.