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jul 28 2014

ANÁLISE ECONÔMICA: A QUEDA DO SALDO DA BALANÇA COMERCIAL

FAUSTO MOREY

O saldo da balança comercial brasileira vem caindo há anos. Após atingir o pico de US$ 46,4 Bi em 2006, declinou para US$ 29,8 Bi em 2011 e no final do ano passado atingiu apenas US$ 2,55 Bi.

Em 2011, após batermos o recorde de exportações, com US$ 256 Bi, as vendas externas perderam fôlego, caindo em 2013 para US$ 241,2 Bi.
As importações continuaram a bater recordes e em 2013 bateram a marca de US$ 239,6 bi.

Além disto, a conta de pagamento líquido de serviços e rendas vem ampliando seu déficit sistematicamente – de US$ 42,5 bi em 2007, para mais de US$ 86,9 bi em 2013.
Nestas circunstâncias, o déficit em transações correntes em 2013 bateu recorde, totalizando US$ 81 bi – resultado que poderá ser superado em 2014.

O QUE TEM ACONTECIDO?

De 2004 a 2007, puxados pelo crescimento das exportações de produtos básicos e pelo fenômeno iniciado em 2004 da “mega alta de preços” das commodities, com alta em dólares acima de 80% – a balança comercial produziu elevados superávits neste período.

O Brasil incorporou esta riqueza extraordinária advinda da receita das commodities e não esterilizou este fluxo, por exemplo, com a capitalização de um fundo soberano, mas, ao contrário, permitiu a valorização do real e a elevação geral da renda e dos gastos públicos por taxas superiores às da produtividade média, acelerando assim as importações.

Estas, por sua vez, têm freado a evolução da indústria instalada no Brasil, com o conseqüente impacto no PIB, que deverá fechar 2014 abaixo de 1%.

Pelo lado dos serviços, em função do real apreciado, em uma década, multiplicamos por 10 as despesas externas, com o aluguel de equipamentos e em mais de 20 vezes o déficit na balança de turismo.

DETALHES INCÔMODOS SOBRE AS EXPORTAÇÕES

Analisando detalhadamente nossas exportações relativas ao primeiro semestre de 2014 e as comparando com as do mesmo período de 2013, é possível encontrar alguns vilões para esta situação incomoda.

Ocorreu uma perda de quase US$ 6 bi na venda de produtos industrializados, dos quais US$ 4,6 bi em manufaturados – com destaque negativo para automóveis de passageiros e açúcar refinado, e de US$ 1,4 bi em semimanufaturados – com perdas significativas no açúcar em bruto.

Ocorreu uma perda de valor em dólares dos produtos de nossa pauta de exportações, com destaque para a queda de preço do milho, do cacau em pó e do suco de laranja não congelado, mas observa-se que a queda de preços foi bem disseminada.

O maior prejuízo na balança foi com a conta petróleo, que de janeiro a julho de 2014 acumulou déficit de US$ 13,1 bi e poderá repetir o resultado altamente negativo do ano passado, com US$ 22 bi de déficit.

As perdas ocorreram de forma generalizada: óleos brutos de petróleo, gás natural, óleos combustíveis (óleo diesel, “fuel-oil”, etc.), naftas, gás natural liquefeito e propano liquefeito e gasolina.

A situação é complicada, mas pode ser revertida com a ampliação da produção interna de petróleo e de seus derivados, permitindo que a conta petróleo traga algum alívio para as contas externas nos próximos anos.

Vale um lembrete – as medidas para reequilibrar nossa economia e melhorar nossas contas externas não serão do tipo “passeio no parque”.

Quanto mais cedo forem adotadas, menos dolorosas serão. Por outro lado, quanto mais demorarem…

FAUSTO MOREY é consultor e produz a página eletrônica Contraponto, de onde extraímos esta Análise.

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