RENATO RIELLA
A Câmara Legislativa tem nas mãos um importante instrumento de aproximação com a sociedade, mas não sabe usá-lo e tem vergonha de se expor. Trata-se do título de Cidadão Honorário de Brasília.
Acabo de constatar isso ao receber o convite para a entrega desse título, na próxima segunda-feira, às 10h, no plenário da CLDF, a uma pessoa chamada Maria do Carmo Manfredini. Sabem quem é: trata-se de grande personalidade, a famosa Dona Carminha, mãe do Renato Russo.
A Câmara produz um convite absurdamente inexpressivo, de 15cm de largura, em papel vagabundo, pessimamente impresso em preto desbotado (fundo branco), desmerecendo qualquer homenageado.
No caso, o título está sendo concedido a partir de proposta do jovem deputado distrital Robério Negreiros – mas ele não tem culpa nenhuma. A organização precária desse tipo de solenidade é tradicional na CLDF.
Vem sendo mal realizada há muitos anos. Por isso, em diversas oportunidades, recusei oferta de título em meu nome feita por deputados amigos. É desmerecedor receber homenagem em condições tão precárias.
Carminha Manfredini, ao aceitar participar desse ato, leva para a Câmara o prestígio universal de Renato Russo, mas também a força da sua própria personalidade, pois consegue manter vivo o mito, gerando fatos novos a cada momento e resgatando a memória do filho genial.
O mínimo que a Câmara precisa é associar o nome de Carminha ao do grande Renato. Do jeito que foi feito – e sempre é feito – a homenagem está esvaziada.
Reafirmo que a promoção do título de Cidadão pode ser valiosa para Brasília – se for bem organizada, sem economia burra. Com medo, com remorso ou com vergonha, é melhor não fazer.