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jan 28 2014

artigo: Cuidado, drones trabalhando

JOSÉ PASTORE

Em artigo anterior focalizei a importância de elevar o nível de automação e mecanização na maior parte da produção brasileira como resposta à crescente falta de mão de obra e à baixa produtividade do trabalho.

Para melhor entender o papel das novas tecnologias no mundo do trabalho, tenho lido vários ensaios sobre engenharia, robótica e mecatrônica – uma leitura difícil, pois não sou engenheiro. Mas, a cada texto que leio, fico mais e mais fascinado pela revolução que está por acontecer ou que já aconteceu no mundo do trabalho.

No artigo anterior, ofereci exemplos de avanços tecnológicos no setor da construção civil. Neste, concentro a minha atenção no setor de serviços. A mecanização e a automação nos serviços penetram em vários campos, desde as lojas e supermercados até os escritórios e residências.

O uso da inteligência artificial já domina muitas operações do cotidiano nos países avançados. Não é apenas no e-commerce que ela se expande. Aumentam aceleradamente as vendas sem vendedores nas próprias lojas e supermercados onde o consumidor escolhe e paga o que compra sem contato humano.

No campo administrativo e residencial, aumenta a cada dia o número de escritórios e residências inteligentes onde se controlam automaticamente a segurança e todos os equipamentos dos aposentos, como é o caso da iluminação, do ar-condicionado, dos computadores e tantos outros.

Para mencionar exemplos mais mundanos, as cafeteiras já estão programadas para fazer o café na hora em que se pretende tomar; os chuveiros estão preparados para aquecer a água na temperatura que o usuário deseja, desligando no tempo marcado. Os robôs se encarregam dos serviços domésticos e também do atendimento a idosos e doentes. A lista vai longe.

No espaço que resta, quero relatar a revolução marcada para ocorrer nos serviços de logística. Várias empresas estão se aprontando para fazer entregas de longas distâncias em apenas alguns minutos e sem o uso de entregadores, e, sim, dos drones.

No momento, os drones são robôs não tripulados usados em operações militares. A Amazon.com, porém, se prepara para, em 2015, fazer entregas de livros, CDs, roupas e outros produtos em apenas 60 minutos e sem portadores. Várias empresas farão o mesmo. Nos EUA já se discutem as regras de tráfego a serem respeitadas por esses robôs. Sim, porque, quando menos se espera, pode aterrissar numa calçada, bem à nossa frente, um desses aparelhos para entregar produtos comprados há poucas horas, dispensando inteiramente os serviços dos correios ou de outros entregadores.

E já começa também a discussão sobre a ameaça dos drones aos empregos dos americanos, assunto que tratarei oportunamente. Mas, sem perder tempo, a engenharia avança. Tudo acontece em alta velocidade. Vejam que estamos falando de 2015, que está na esquina.

A promessa nada tem que ver com ficção científica. Os drones estão praticamente prontos e passam agora por fases de ajustes. Para ver uma boa foto de um drone, sugiro uma visita ao site http://theweek.com/article/index/253592/why-the-us-economy-should-be-scared-of-the-amazon-drone.

O leitor deve estar imaginando a revolução que teremos no mundo do trabalho com a entrada de uma tecnologia que poupa tanta mão de obra. Não é a primeira vez que isso acontece. A chegada da máquina a vapor, do motor elétrico, do computador, da internet, dos caixas eletrônicos e vários outros avanços vieram da mesma forma e, no entanto, o emprego continuou vigoroso. É bem provável que isso ocorra também com a chegada dos drones.
A produtividade do trabalho aumentará exponencialmente; a capacidade de investir crescerá ainda mais; novos investimentos abrirão novas oportunidades de trabalho. Mas que trabalho? É difícil de antecipar os detalhes, mas uma coisa é certa: educação, versatilidade e criatividade serão essenciais.

*José Pastore é professor da FEA-USP, presidente do Conselho de Emprego e Relações do Trabalho da Fecomércio-SP e membro da Academia Paulista de Letras.

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