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dez 01 2018

ARTIGO: Final de governo

ANDRÉ GUSTAVO STUMPF, jornalista.

A prisão do governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, demonstra que algo está fora da ordem, porque os agentes da desagregação nacional continuam lépidos e fagueiros. Cometem todo tipo de impropriedades e metem a mão no erário público sem qualquer constrangimento.

Os ladrões não apenas estão à solta, mas continuam a comandar organizações criminosas encarapitadas nos mais elevados cargos dos governos estaduais e talvez no federal, como a operação lava-jato trouxe ao conhecimento público.

O Estado do Rio de Janeiro está totalmente falido. Não tem a menor chance de sair da complicada situação em que meteu sem ajuda generosa e constante do governo federal.

Há uma condição: privatizar a empresa de água e esgoto. Este detalhe consta dos acordos entre governo estadual e União. Se não ocorrer, cessarão todas as demais cláusulas e não haverá dinheiro para pagar salários dos funcionários nos próximos meses.

Mas a Assembleia local resiste, porque pretende manter privilégios de funcionários e abertas as torneiras de onde pingam gordas propinas.

As pessoas que estão instaladas nos mais elevados postos da administração pública no país não perceberam ainda o que aconteceu na eleição geral realizada em outubro passado. Os grandes nomes foram derrotados. Líderes de várias legislaturas não foram reeleitos.

O povo votou em massa pela renovação, pelo fim de desvios de recursos em áreas estratégicas dos governos. Os alunos ficam sem merenda, obras não terminam, não há atendimento digno nos hospitais e os transportes públicos são caóticos.

Tudo isto ocorre porque as quadrilhas ocupam os governos desviam recursos sem qualquer remorso. Os eleitores deram seu recado.

Final de ano é sempre problemático. Fim de legislatura com metade do Congresso rejeitado pelo eleitor, final de mandato de um governo anômalo, resultado do impeachment da titular, é sofrido, triste, discreto e perigoso.

É o momento em que os esquecidos tentam ser acomodados em posições menores, mas igualmente bem remuneradas. Alguns ministros do governo Temer estão sendo recebidos pelo novo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha.

Outros tratam de derrubar a cláusula que proibia parlamentar de trabalhar em empresas estatais e agências reguladoras. Eles tentam proteger seu próprio mercado de trabalho.

Dia 20 de dezembro será o último dia útil no Congresso Nacional. A partir daí os parlamentares retornam a seus estados. Alguns deverão estar em Brasília em janeiro para prestigiar a posse do novo presidente. Outros, nem isso. Já estarão com os olhos pregados no futuro em busca de novas oportunidades.

Espantoso é que, neste momento de transição, nada muda. As propinas continuam sendo pagas às mesmas pessoas pelos mesmos motivos e por empresários conhecidos.

Os ministros do Supremo Tribunal Federal decidiram rejeitar argumentos contra o decreto de indulto publicado pelo presidente Temer. Sessão complicada, em que o presidente, depois de encerrar a sessão, permitiu que seus colegas continuassem votando. Situação especialíssima. O fim de ano também atinge a Suprema Corte.

O governo brasileiro assinou acordo de livre comércio com o Chile. É ato importante, porque abre o caminho para produtos brasileiros chegar a mercados do Pacífico. Trata-se da tentativa de estabelecer uma politica externa pragmática, sem ideologias. Novo caminho.

O presidente eleito recebeu, com café e bolo de fubá, o secretário de Segurança Nacional, John Bolton, maior autoridade da diplomacia de Donald Trump.

Existe o que negociar: abertura comercial no Brasil, utilização da base de Alcântara, no Maranhão, acordo Boeing e Embraer, venda de equipamentos militares e a questão da Venezuela. O resultado imediato foi o convite para o futuro presidente visitar Washington no início do ano.

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