FRANCISCO SEIXAS DA COSTA
Acabo de ler que foi precisamente há 90 anos que Alexander Fleming descobriu a penicilina, invenção que revolucionou a medicina.
Em criança, ouvi várias vezes o meu pai dizer que eu devia a minha vida a Fleming. Com poucos meses, em Vila Real, aí por 1949, terei tido uma pneumonia que quase me levou desta para melhor.
Terá sido a penicilina, então não muito comum em Portugal, trazida do Porto “em ampolas” pela mão de um recoveiro (quem não souber o que é, pode ir ao dicionário), que me salvou.
Por isso, o meu pai manifestou sempre o desejo de vir, um dia, a pôr um ramo de flores na sua campa.
Quando nos anos 90 vivi em Londres, fui com os meus pais visitar a Catedral de S. Paulo. Para nossa imensa surpresa, deparámos, dentro da igreja, com o túmulo de Alexander Fleming.
Recordo que houve alguma emoção nesse instante, embora, infelizmente, não tivéssemos à mão as flores devidas para o homenagear.
Mas nunca esqueci o que, como muitos milhões de pessoas, fiquei a dever a Alexander Fleming.
Francisco Seixas, ex-embaixador de Portugal no Brasil, mora em Lisboa