MÁRIO NELSON DUARTE
A primeira reforma do Governo Bolsonaro está praticamente pronta – tão ostensiva e tão “na cara” que ninguém está prestando atenção.
Ele fez a Reforma Política, trocando o corpo-a-corpo com trinta e tantos partidos (ôcos de conteúdo e de identidade programática) por um colegiado temático – algumas corporações e alguns grupos com interesses particulares, sempre ligados às promessas do novo governante.
Os ruralistas indicaram o Ministro da Agricultura, os evangélicos decidiram quem vai para o MEC, os militares escolheram (via os respectivos almanaques) os comandantes de cada força. E as duas áreas mais emblemáticas para a sociedade civil (1. economia e 2. justiça/segurança pública) estão em mãos de grupos articulados solidamente.
Além, é claro, da corporação fardada, chamada para ser o núcleo duro do Planalto.
Acima de tudo, a Sagrada Família: o Pai na Presidência, o Filho Espírito Santo no Senado e o Filho Apóstolo na Câmara.
Vai dar certo? Pode dar. Porque os líderes e os apetites das bancadas serão ignorados.
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Bolsonaro é um fenômeno. Pulou direto do baixo-clero (foram 28 anos!) para o Alvorada.
E parece que aprendeu as lições. Vai rezar pela própria doutrina, absolutamente inédita.
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Gosto disso? Não importa. Só estou analisando os fatos.
E com os fatos eu não brigo.