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jul 23 2015

ARTIGO: O ARRASTAR DA CRISE

ALBERTO PRADO

O que se deixava antever ainda antes da eleição presidencial em finais do ano passado é hoje uma realidade:  Dilma Rousseff está cada vez mais isolada, política e socialmente. A percepção do cidadão comum é que a capacidade da presidente liderar o governo se esfuma cada dia que passa.

O Executivo é uma manta de retalhos de partidos que não se sabe bem se ainda são aliados do Partido dos Trabalhadores (PT), o partido de Dilma, ou se são adversários prontos a decapitar a presidente.

Dilma e o seu governo não são vítimas de qualquer sanha persecutória de partidos oposicionistas ou da comunicação social – defesa em que tantas vezes o Palácio do Planalto se procurou refugiar para justificar o crescente isolamento -, mas sim dos próprios erros.

A pesquisa divulgada esta semana pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) confirma a gravidade da crise econômica e política que atinge o Brasil.

Quase treze anos depois de Lula ter subido a rampa do Planalto para receber das mãos de Fernando Henrique Cardoso a faixa presidencial e de uma maré de otimismo e esperança se ter instalado, durante algum tempo no país (o mensalão foi o princípio do fim do estado de graça), o Brasil é hoje uma nação de milhões de desencantados e revoltados com a corrupção, com o sucateamento dos serviços públicos, da saúde ao ensino, com a violência que se faz sentir diariamente nas ruas e com o  envolvimento de altas figuras dos poderes públicos e do setor empresarial em esquemas mais ou menos sofisticados e tortuosos de subornos .

Dilma Rousseff,  que substituiu Lula no Palácio do Planalto, é hoje a imagem de um poder desgastado pela arrogância, pela incapacidade política de diálogo, pela fuga em frente, numa tentativa de iludir a realidade de um país em crise, de uma sociedade chocada – mas não surpreendida – com a dimensão do que é rotulado nas ruas de “grande roubalheira”.

Apesar da gravidade da crise, a presidente continua a discursar em tom de campanha. “Estamos atualizando as bases da economia e vamos voltar a crescer dentro do nosso potencial. Nosso objetivo é consolidar a expansão da classe média. Queremos que o Brasil seja um país de classe média”, disse a presidente, cuja popularidade, segundo a mais recente sondagem, é inferior a 8%.

“Estamos tomando medidas que já têm dado resultado, como o realinhamento dos preços e o aumento das exportações no Brasil. Vamos ampliar as concessões e fazer esforço para manter os principais programas, como o Minha Casa Minha Vida”, disse, quarta-feira, durante evento em Piracicaba, no interior do estado de São Paulo.

A inflação oficial, entretanto, já ronda os 10% nos últimos 12 meses, o desemprego continua a subir e a recessão é uma realidade.

Nas últimas semanas, face ao agravamento da conjuntura interna,  o Planalto tem procurado passar aos brasileiros uma imagem de normalidade  institucional, mas  os escândalos de corrupção em que vários “barões” dos partidos da aliança governamental são suspeitos de envolvimento deitam por terra os esforços do equivocado marketing político dos assessores de Dilma Rousseff.

Hoje, a grande incógnita está em saber durante quanto tempo Dilma Rousseff continuará a resistir à crescente pressão a favor de um “impeachment” (demissão),  vinda quer de meios políticos, entre eles de setores do PMDB, até há poucos dias rotulado de principal aliado do PT, quer da opinião pública, como revelam as mais recentes sondagens.

No meio da grande convulsão política, as oposições,  de direita e de esquerda, parecem apostadas em deixar que o tempo faça o seu trabalho, estimulando a compulsão autofágica do governo. E os “salvadores da pátria” espreitam a oportunidade, como quase sempre tem acontecido na história do país. (Do site PORTUGAL DIGITAL)

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