TIBÉRIO CANUTO QUEIROZ PORTELA
Quando Temer escolheu Raquel Dodge como Procuradora Geral da República, nuvens de dúvidas pairaram sobre o país.
Havia a desconfiança de que a escolha da nova Procuradora faria parte de um esquema mais amplo, para blindar “o mecanismo” e ajudar a enterrar a Lava Jato.
O estilo discreto de Dodge – diria não midiático – reforçou essa percepção.
Acostumados que estavam com o jeito belicoso de Janot, muitos fizeram uma leitura equivocada da sua linha mais técnica.
Até o fato de ser mais exigente na aceitação de delaçôes – requerendo que não se limitassem apenas à palavra do delator – também foi motivo para essa interpretação equivocada.
Pode até ser que, em seus cálculos, Michel Temer a nomeou na expectativa de “contrapartidas” por parte da Procuradora Geral.
Se essa era a intenção, Michel Temer caiu do cavalo.
O comportamento de Raquel Dodge nestes meses desautorizou tanto as expectativas do presidente, quanto os receios que se tinha em relação ã sua disposição de levar adiante o processo de passar o país a limpo.
Sim, Raquel Dodgge é mais sóbria do que Janot. Mas isto não é um defeito. É uma virtude.
Se por acaso encaminhar uma nova denúncia contra Michel Temer será porque encontrou elementos robustos que darão sustentação técnica ao seu pedido.
Para os brasileiros que não a conheciam, Raquel Dodge foi uma grata surpresa.
Bom para o Brasil.