ALFREDO PRADO
A turbulência política e econômica que se faz sentir no Brasil não deve terminar tão cedo.
As denúncias vindas a público sobre o envolvimento de empresários, executivos, políticos e partidos no bilionário escândalo de corrupção, que atinge a estatal de petróleo e gás Petrobras. poderão ter novos desenvolvimentos, quando for conhecido o teor integral das denúncias feitas por alguns dos presos na chamada Operação Lava Jato, assim batizada pela Polícia Federal .
Além da prisão e provável ida a julgamento dos empresários e executivos das maiores empresas de construção do Brasil, dezenas de políticos foram acusados pelos delatores.
POLÍTICOS SÓ EM FEVEREIRO
Em fevereiro, o procurador-geral da República, Rodrigo Jannot, deverá decidir quem irá processar e aguardar do Supremo Tribunal Federal anuência para levar por diante os processos.
Na última semana, o jornal Estado de S.Paulo publicou uma lista de 28 nomes de políticos, entre eles parlamentares, ministros e ex-ministros do PT, PMDB e PP, partidos que integram a aliança de centro-direita do governo Dilma Rousseff.
Dois dos nomes denunciados são de políticos, do PSDB e do PSB, que também teriam beneficiado ou participado no esquema.
Outras denúncias e outros nomes poderão vir a público nas próximas semanas, o que dificulta ainda mais a formação do governo para o segundo mandato de Dilma Rousseff, que começa oficialmente no dia 1 de janeiro de 2015.
A presidente não quer, compreensivelmente, correr o risco de entregar ministérios a políticos que possam vir a ser indiciados.
Dilma Rousseff tenta, a todo o custo, evitar que o escândalo da Petrobras crie novas nuvens de tempestade sobre o Palácio do Planalto. Por tudo o que tem sido escrito e dito, é lícito acreditar que o esquema de corrupção e os erros de gestão na estatal de petróleos, agora sob investigação, já campeavam antes de Dilma assumir pela primeira vez a Presidência da República.
Pelo que se sabe, os cargos dirigentes da estatal sempre foram uma espécie de cabide de empregos de partidos no poder ao longo dos anos.
CRIMES NOS GOVERNOS LULA E DILMA
Os supostos crimes agora sob investigação remontam ao passado recente, quando Lula era presidente e Dilma Rousseff ministra de Minas e Energia – a tutela da estatal – e presidente do Conselho de Administração da empresa.
O ex-presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, e a atual presidente, Maria das Graças Foster, são, ou foram, pessoas de confiança do Palácio do Planalto. Em última análise, poderão vir a ser responsabilizados por omissão pelos rombos bilionários- os que já se conhecem e os que se descobrirão.
Hoje, as ações da Petrobras, ainda recentemente vista como uma das mais promissoras gigantes do negócio dos petróleos, acumulam perdas nas bolsas que deixam os investidores à beira de um ataque nervos.
As ações judiciais abertas por acionistas nos Estados Unidos tornarão a vida da empresa cada vez mais difícil.
A não publicação, até hoje, dos resultados trimestrais, a que a Petrobras cotada em bolsa de valores está obrigada por lei, dada a recusa da empresa de auditoria em aprová-los, lança um pesado manto de descrédito sobre a empresa e, pelo menos indiretamente, sobre a auditora, que assinou os anteriores resultados, quando a corrrupção já corria solta.
Nesta conjuntura, pode-se dizer, sem risco de exagero, que o segundo mandato de Dilma Rousseff começará da pior maneira possível.
Enfraquecida politicamente, forçada a partilhar o poder com aliados pouco confiáveis, muitos deles contumazes usuários do poder público como balcão de negócios, Dilma Rousseff terá pela frente não só um cenário econômico internacional desfavorável, como uma economia nacional estagnada e pressionada pela inflação.
Mas, como aposta Dilma, com o tradicional otimismo brasileiro, melhores dias virão. Afinal, diz o povo, não há males que sempre durem. É o que nos vale. Boas festas! E que 2015 nos traga melhores notícias! (do site Portugal Digital)