O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou hoje (2) que a autoridade monetária não vai segurar o câmbio “no peito” e que o câmbio flutuante é um dos pilares da matriz econômica. O dólar passou dos R$ 6 na sexta-feira (29) pela primeira vez na história.
“Tem R$ 370 bilhões de reserva, por que não segura no peito? Mas quem está no mercado sabe que não é assim que funciona”, disse Galípolo .
O economista disse também que o recente movimento de desancorajem das expectativas de inflação, quando as projeções do mercado se afastam da meta estipulada, foi impulsionado por vazamentos de informações desencontradas sobre o pacote de cortes de gastos do governo.
Segundo Galípolo, a divulgação antecipada e incompleta das medidas levou o mercado a tentar interpretar o cenário sem ter todos os dados.
Galípolo, que deve assumir a presidência do Banco Central em 2025, falou durante o XP Fórum Político, em São Paulo. Ele reforçou que o papel da instituição é “reancorar as expectativas” e que o BC dispõe dos instrumentos necessários para cumprir a meta de inflação de 3%, sem levar em conta a margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
O economista destacou que o cenário econômico atual é mais dinâmico do que se esperava, com desemprego em baixa e uma moeda desvalorizada. Esse panorama, segundo ele, demanda a manutenção de uma política monetária contracionista, ou seja, com juros elevados por um período prolongado.
“Como começaram a chegar notícias antes mesmo do pronunciamento do ministro, de início houve uma dúvida […]. E a partir daí já tinha um trabalho (do governo) de explicar o volume de medidas anunciado, especificamente na questão de contenção de gastos”, afirmou Galípolo.
Fonte:iG