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jul 11 2013

BC FAZ A ALEGRIA DOS ESPECULADORES AO AUMENTAR OS JUROS

 RENATO RIELLA

A título de conter a inflação, que está acima da meta de 4,5% ao ano, o Banco Central aumentou pela terceira vez seguida a taxa de juros, para 8,5%, fazendo o jogo dos especuladores financeiros internacionais, que jogam no mercado com a dívida pública brasileira, hoje na casa dos R$ 2 trilhões.

Cada mexida dessas feita pelo Banco Central obriga a presidente Dilma Rousseff a destinar muitos bilhões adicionais para administrar a dívida pública crescente.

Enquanto isso, o efeito prático do aumento da taxa Selic no controle da inflação só será sentido a longo prazo, pois essas mudanças demoram para chegar ao consumidor (com exceção da poupança, que passa a ser problema para o governo, pois agora rende mais ao mês do que a inflação).

Com a economia minguando e perspectiva de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) abaixo de 2% este ano (foi apenas 0,9% em 2012), a tendência de arrefecimento natural da inflação é grande, independente do aumento dos juros.

Com o mercado menos aquecido, prestadores de serviços e vendedores em geral tendem a cobrar menos, o que vai se observar, quase certamente, nos próximos meses.

No entanto, o Banco Central faz o jogo dos especuladores financeiros e amplia suas chances de faturamento. É claro que esse aumento da taxa Selic ajuda a trazer de volta dólares captados lá fora por investidores, mas esses são na verdade especuladores, que vêm apenas em busca de remuneração momentânea alta, pois no Primeiro Mundo as taxas de juros se aproximam do zero por cento.

O certo é que o noticiário confirma que, por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, para 8,5% ao ano. “O comitê avalia que essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano”, justificou o Copom em comunicado.

 

DESDE ABRIL, VOLTAM

OS AUMENTOS DOS JUROS

Em abril, o Copom iniciou um novo ciclo de alta nos juros básicos, depois de quase dois anos sem aumento, e elevou a Selic para 7,5% ao ano. Desde agosto de 2011, a taxa vinha sendo reduzida sucessivamente até atingir 7,25% ao ano em outubro de 2012, o menor nível da história. A Selic foi mantida nesse nível até março deste ano.

A taxa Selic é considerada pela visão conservadora da economia como o principal instrumento do BC para manter a inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) dentro da meta estabelecida pela equipe econômica.

De acordo com o Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta de inflação corresponde a 4,5% (centro da meta), com margem de tolerância de dois pontos percentuais, podendo variar entre 2,5% (piso da meta) e 6,5% (teto da meta).

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), desde julho do ano passado, o IPCA acumulado em 12 meses vem subindo. Em junho, o índice acumulado chegou a 6,7% e ultrapassou o teto da meta de inflação do governo. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo Banco Central, o IPCA encerrará 2013 em 5,81%.

Por outro lado, o aumento da taxa Selic prejudica o reaquecimento da economia, que cresceu apenas 0,9% no ano passado e ainda está sob o efeito de estímulos do governo, como desonerações e crédito barato. De acordo com o boletim Focus, os analistas econômicos projetam crescimento de 2,34% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013. A estimativa foi reduzida pela oitava semana seguida.

Usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic), a taxa Selic serve como referência para as demais taxas de juros da economia.

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