Está cedo para discutir eleição, mas já dá para antever algumas coisas.
Uma constatação é que o excesso de candidatos a presidente da República garante vaga para o controvertido Bolsonaro no segundo turno. Mesmo que ele praticamente não tenha tempo gratuito na TV para fazer suas propagandas, terá a maior votação.
Essa faixa pouco superior a 20% que Bolsonaro mantém nas pesquisas tende a se cristalizar, pois o percentual está inabalável desde o ano passado.
Há tanto preconceito contra ele, que os chamados analistas políticos se recusam a reconhecer isso.
Hoje, a rigor, temos cinco ou seis candidatos com percentual visível nas pesquisas.
Sem o Lula e sabendo-se que cerca de 40% dos votos serão perdidos (nulo, branco, preto, invisível, etc), sobram 60% dos eleitores a serem divididos por Bolsonaro, Alckmin, Marina, Ciro, um possível candidato do PT e esses pequenos que roubam votos.
Sessenta por cento menos os 20% do Bolsonaro chegam a 40%.
Quarenta por cento divididos pelos outros quatro produzem a média de 10%.
Portanto, fazendo-se contas, percebe-se que Bolsonaro, usando somente o patrimônio eleitoral da pré-campanha, pode ser o mais votado no primeiro turno.
No segundo turno, as pessoas comuns não sabem, mas o tempo de TV é dividido no meio, em partes iguais, entre os dois mais eleitos do primeiro turno.
Aí Bolsonaro se torna perigoso, se bem assessorado, pois também terá debates cara a cara para tentar ampliar seu eleitorado.
No primeiro turno, acertadamente, como estratégia, Bolsonaro talvez não participe de debates, onde pode perder os 20%, se derrapar muito.
Conclusão: a falta de TV no primeiro turno não deve preocupar o staff de campanha do candidato Jair Bolsonaro.
A propósito, a chegada de Janaína Paschol à chapa, como candidata a vice, traz componentes novos. Passa a haver o ataque direto à corrupção, que esta advogada faz em tom psicodélico.
Bolsonaro precisa se preocupar é com a consistência que terá de apresentar no segundo turno. Aí, se não tiver o que dizer, tchau! (RENATO RIELLA)