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abr 30 2015

BRASIL AUMENTA A RECESSÃO AO AUMENTAR JUROS PARA 13,25%

O Banco Central agravou ontem a perspectiva de recessão no Brasil, ao aumentar a taxa oficial de juros (Selic) para 13,25% ao ano, o maior percentual praticado no mundo entre todos os países.

O Copom do BC decidiu aumentar a taxa em 0,5% a título de conter a expansão inflacionária, que na verdade não está ocorrendo por causa de consumismo dos brasileiros, mas sim pelo aumento escandaloso de tarifas controladas pelo governo.

Foi a quinta vez seguida que o Banco Central (BC) brasileiro reajustou os juros básicos da economia, a chamada taxa Selic, por unanimidade.

Em comunicado, o Banco Central informou que o aumento levou em conta as condições atuais da economia e dos preços. “Avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, para 13,25% ao ano, sem viés”, anunciou.

Com o reajuste, a Selic chega ao maior percentual desde janeiro de 2009, quando estava em 13,75% ao ano.

A taxa é o principal instrumento do BC a título de conter a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que hoje está avaliada em mais de 8% para o ano de 2015.

Embora ajude no controle dos preços, o aumento da taxa Selic prejudica a economia, que atravessa um ano de recessão, com queda na produção e no consumo.

De acordo com o boletim Focus, analistas econômicos projetam contração de 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma dos bens e serviços produzidos pelo país) em 2015.

A taxa é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve como referência para as demais taxas de juros da economia.

Ao reajustá-la para cima, o BC tenta conter o excesso de demanda que pressiona os preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Quando reduz os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas alivia o controle sobre a inflação.

 

O reajuste da taxa Selic para 13,25% ao ano aumentará as dificuldades para a retomada do crescimento, avaliou a Confederação Nacional da Indústria (CNI), em comunicado, no qual pede que o ajuste fiscal e monetário seja compensado por medidas de estímulo à competitividade.

Segundo a confederação, a elevação dos juros básicos desestimulará ainda mais os investimentos e o consumo das famílias. Na avaliação da CNI, o Banco Central poderia repensar a trajetória dos juros diante da atual condição econômica do país.

“Para a CNI, o fraco desempenho da economia, a valorização do real frente ao dólar e o ajuste nas contas públicas são suficientes para reduzir as pressões sobre a inflação. E, diante desse quadro, o Banco Central poderia rever a trajetória de aumento dos juros”, destacou o comunicado.

Também a central sindical Força Sindical criticou o aumento da taxa Selic para 13,25% e considerou que “a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) fortalece os obstáculos ao desenvolvimento com distribuição de renda do país”.

 

PÉSSIMA REPERCUSSÃO

A entidade afirmou, em nota, que a medida privilegia quem vive da especulação financeira e ressaltou que o governo insiste em medidas de aperto monetário, quando o país mantém a “atividade econômica travada e com uma indústria que vem acumulando resultados negativos mês após mês. Estas políticas mal orientadas deprimem ainda mais a economia, em vez de fazê-la crescer”.

Já  presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), Alencar Burti, disse, em nota, que a decisão do Copom pelo aumento da taxa é equivocada. Para ele, impactos dos aumentos anteriores da Selic ainda são sentidos pela economia e considerou que o quadro atual pode levar à recessão prolongada.

Burti acrescentou que todos os indicadores da atividade econômica, da produção industrial, das vendas do varejo e do desempenho dos serviços mostram sensível desaceleração.

 

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