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abr 14 2013

CEILÂNDIA, 15 ANOS DEPOIS, AINDA CAÓTICA

 RENATO RIELLA 

A manchete principal do Jornal Nacional da Globo, ontem, foi dedicada ao Hospital da Ceilândia, que teve a maternidade interditada. Crianças estão morrendo por contaminação hospitalar. Horrível!

Lembrei que, na campanha eleitoral de 1998, fiz artigo de página inteira no Jornal da Comunidade, dirigido nominalmente aos três políticos que disputavam a eleição de governador: Cristovam, Roriz e Arruda (na época, Roriz venceu).

O título, no alto da página do jornal, dizia assim: “Cristovam, Roriz e Arruda, Ceilândia não tem shopping, nem cemitério, nem zona”. No texto, mostrei que a cidade não tinha também hospital, nem cinema, etc.

Na verdade, a Ceilândia é a única cidade do mundo com mais de 500 mil habitantes que não tem cemitério nem cinema – e tem um hospital que nem deveria existir.

Ceilândia hoje já conta com alguma estrutura educacional, inclusive faculdades, comércios de nível bastante popular, mas carece de quase tudo. Em qualquer canto do planeta, uma cidade tão grande contaria com veículos de comunicação (rádio, TV, jornais, sites poderosos).

E teria também representação política. Isso mesmo, a cidade nunca elegeu deputados próprios, representantes autênticos dos 500 mil habitantes. Chico Vigilante, verdade seja dita, mora na Ceilândia e adora a cidade, mas é eleito com o voto petista de todo o DF.

Falta, basicamente, um projeto de tudo para a Ceilândia. Mas como fazer isso se a gente nunca ouviu falar no administrador regional? Esta semana, pela primeira vez, vi esta autoridade num programa de TV. Ele passou pelo constrangimento de reconhecer que não existe na sua cidade qualquer sinalização de bairro, quadras ou conjuntos. É mais fácil ganhar na loteria do que achar um endereço na Ceilândia.

Portanto, o famigerado HRC foi manchete no Jornal Nacional, mas há muitos outros problemas numa das 20 maiores cidades do Brasil (e a maior do DF).

Daqui a dez anos provavelmente poderei republicar o artigo do Jornal da Comunidade, com poucos retoques.

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