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abr 14 2017

CHEGA DE FALSIDADE….TODO MUNDO SEMPRE USOU FOLHA DOIS EM CAMPANHA ELEITORAL

De 1990 até hoje, já coordenei e orientei centenas de campanhas eleitorais, inclusive em outras cidades – e inclusive campanhas municipais.

Em Brasília, é melhorzinho… Mas há lugares em que vale tudo, tudo de tudo, até fazer churrasquinho da própria mãe para vender na esquina.

Na década de 90, houve campanhas que me remuneravam em dólares. Mas era dinheiro muito pequeno diante do que os “gênios” andaram recebendo nos últimos tempos.

Dito isso, tão francamente, reafirmo a frase dos Odebrecht: não se pode apontar uma campanha eleitoral no Brasil, até hoje, sem Folha Dois. (Atire rápido a primeira pedra, seu mentiroso, que tenta negar esta minha afirmação!)

É claro que a legislação fica mais rigorosa a cada ano. Pode ser que, nesta eleição de 2018, os abusos se reduzam a níveis quase invisíveis em muitas campanhas (não em todas, é claro, pois ainda há muito maluco solto por aí).

Mas é preciso relembrar a realidade vivida até hoje.

E o que é Folha Dois? Há muitos exemplos. Podemos dizer que, em campanha eleitoral, Folha Dois é um dinheiro grande ou pequeno, repassado escondido, ou por baixo da mesa, ou carregado até em carrinhos de mão, como aconteceu numa famosa campanha em Goiás, visando apoiar campanhas de candidatos diversos.

Mas Folha Dois é muito mais do que isso. Na verdade, todos os meios e todos os recursos não relatados à Justiça Eleitoral podem ser chamados de Folha Dois.

Até aquele carro velho da sua irmã, usado para visitar botecos e para distribuir santinhos de campanha, é Folha Dois. Até mesmo o celular que sua mãe lhe emprestou para usar nos três meses antes da eleição. Tudo é Folha Dois e deveria ser declarado na prestação de contas.

Mas esses exemplos citados são casos românticos, de alguém que certamente nunca se elegerá. É um candidato bobão!

Folha Dois de valor expressivo não contabilizado pode ser aquela gráfica que imprime um milhão de folhetos e tira nota de apenas dez mil. Esta nota pequena é que vai para a prestação de contas. O resto da despesa, valor maior, é pago por fora, em dinheiro vivo repassado por empresários.

Cotas de gasolina em postos eram muito comuns como Folha Dois eleitoral, mas devem cair agora, depois que houve intervenção do Estado nesse comércio em Brasília.

É comum o candidato, dono de alguma empresa, usar diversas estruturas dessa sociedade para apoiar sua campanha. Esse cara pode dizer: “É meu!” Tudo bem, mas se não estiver declarado na prestação de contas final da campanha representa irregularidade.

Portanto, garotas e garotos, não sejam ingênuos. Vivemos décadas em que as eleições eram mantidas pela ilegalidade. Mas a ilegalidade, muitas vezes, não representava dinheiro desviado de órgãos públicos.

Esta é a diferença. Existe Folha Dois bandida, oriunda de chantagem, propina e suborno.

E existe a Folha Dois que apenas representa concorrência desleal com outros candidatos, mas deve ser coibida, pois não é aceita pela atual legislação eleitoral.

A campanha futura (de 2018) terá de ser transparente, com previsão orçamentária e prestação de contas feitas por gente especializada. Chega de amadorismo e de chute.

Resumindo: a Folha Dois foi uma instituição nacional, mais forte do que o jogo-do-bicho ou do que as escolas de samba, projetos estes mantidos pela contravenção.

Esperamos que a nova legislação, vigente em 2018, moralize um pouco a disputa eleitoral.

A grande novidade é proibir a ajuda oferecida por empresas a candidatos. Pessoa jurídica não faz mais doação a nenhuma campanha. Só pessoa física, no limite proporcional da renda de cada um.

Vai dar certo? Sei lá! O Brasil é mais embaixo… (RENATO RIELLA)

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