RONALD DE CARVALHO
Eles são o país que permitimos.
Tão dramático quanto o estupro é a banalização da sexualidade entre pré-adolescentes.
O corpo e seus prazeres se nivelam a sabores de petiscos, que se experimentam à exaustão até a repulsa do vômito.
O corpo não está mais à venda, porque já tem todos os donos.
As gerações que se revoltam, com toda a justiça, com os estupros e as violências contra as jovens que freqüentam as festas nas comunidades, deveriam ficar mais atentas aos cuidados que as adolescentes das favelas recebem de seus pais.
Meninas, praticamente crianças de 12 anos, vão às festas funk e passam dias e noites fora de casa.
Nada disso é estranho, pois faz parte da cultura da comunidade.
Lamento, mas essa cultura está doente. Muito doente.