FRANCISCO SEIXAS DA COSTA (Ex-embaixador de Portugal no Brasil)
Obama aparece hoje como santificado, ao lado daquilo que Trump representa. De fato, não há como compará-los.
Obama foi eleito há uma década com a promessa de encerrar Guantanamo, uma prisão na ilha de Cuba (e que não é só mais uma). onde já então jaziam – e ali ficaram também por toda a década de Obama, não o esqueçamos – centenas de detidos (hoje ainda são cerca de 80), acorrentados, em condições de humilhação infra-humana, sem nunca terem sido objeto de qualquer condenação, sem possibilidade de acesso aos mais elementares direitos da Justiça, num limbo judicial vergonhoso, desrespeitador de todas as regras dos Direitos Humanos e do Estado de direito.
Obama vai deixar em Guantanamo muitos prisioneiros que os EUA, por falta de provas, não conseguiram nunca condenar, mas que por ali continuarão sob o peso das suspeitas insubstantivadas, que já foram sujeitos a desumanas torturas, que Obama suspendeu, mas que Trump já disse que tinha intenção de reintroduzir.
Que acontecerá aos prisioneiros de Guantanamo, agora com Trump a chegar à Casa Branca? Ninguém fala disto? Não é popular, por serem muçulmanos?
E Obama, dormirá bem?