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nov 03 2012

COMO EVITAR A ALTA DOS JUROS?

RENATO RIELLA

O renomado consultor Fausto Morey, na sua página Contraponto, especializada em Economia, analisa o arsenal medidas para impedir um aumento da taxa de juros em 2013.

Destacando que existem sete degraus de separação, ele comenta, em contraponto:

ANÁLISE DE FAUSTO MOREY

A despeito do PIB estar crescendo na casa de 1,5% ao ano, o IPCA acumulou alta de 3,96% até setembro e de 5,28% nos últimos 12 meses. O Governo parece acreditar em degraus de separação entre os 7,25% – atual nível da SELIC, e uma eventual elevação dos juros para conter a inflação.

Vamos especular quais poderiam ser estas “robustas” medidas para conter a alta da inflação e trazê-la ao centro da meta, e quais as eventuais conseqüências:

Manter o preço dos combustíveis por mais tempo ou parcelar os aumentos: a medida impede a aceleração da inflação, mas complicará ainda mais a situação de caixa da Petrobras – o efeito do atual congelamento de preços pode ser visto no grupo “transportes” da tabela 1.

O governo poderia baixar o preço do gás de uso doméstico e/ou industrial, compensando assim o aumento da gasolina e do diesel, ou sincronizar o aumento dos combustíveis com a redução do preço da eletricidade, ou fazê-lo ainda em uma eventual queda de preço dos alimentos.

Reduzir as tarifas de eletricidade: no momento da adoção desta medida haverá um efeito deflacionário, mas com conseqüências negativas às contas públicas, em função das indenizações a serem pagas aos concessionários e na
sensação de um ambiente de instabilidade nas futuras concessões.

Reduzir encargos trabalhistas: A medida já anunciada terá impacto assimétrico entres os setores beneficiados, mas resultará tanto na recuperação das margens de lucros, quanto na queda de preços de produtos e serviços, porém, o efeito colateral será nas contas públicas.

Permitir a flutuação para baixo do dólar: o barateamento de produtos importados poderia segurar os preços internos, mas teria conseqüências para o setor industrial e nas contas externas.

Retardar a retomada do IPI: no caso dos veículos, a volta do IPI ocorrerá conjuntamente com o início do novo regime automotivo em 2013 que, associada a uma possível queda da demanda por carros novos (houve antecipação de compras nos últimos meses), manteria por algum tempo os atuais níveis reais de preços.

Porém, nos demais produtos a elevação do IPI terá impactos
significativos nos preços. A retomada do IPI elevará os preços e o adiamento da elevação do imposto impactará as contas públicas.

Estabelecer cotas de exportação e reduzir tarifas de importação de certos insumos: Os alimentos subiram 7,27% no ano, quase o dobro do IPCA. Com a regularização da oferta, os hortifrutigranjeiros, que subiram muito, poderiam ajudar a reduzir a inflação. O preço das commodities agrícolas subiu significativamente em 2012 por causa da seca nas áreas produtoras. Caso o fenômeno se repita em 2013, o governo poderia estabelecer cotas de exportação para estes produtos – o aumento da oferta conteria os preços no Brasil, mas com reflexos nas exportações, além de seqüelas políticas…

Reduzir as alíquotas de determinados insumos importados: esta medida já vem sendo adotada e poderia ser aprofundada, reduzindo os custos de produção, mas afetaria as contas externas.
Medidas deste tipo “atacam” a inflação pelo lado dos custos – são coerentes com a política econômica do Governo. Seus técnicos são devotos de uma maior intervenção do Estado na economia e na “administração dos preços”.

Porém, o mercado de trabalho está apertado, os salários e o preço dos serviços têm subido acima do IPCA. As vendas no comércio varejista mostram, na maioria dos grupos, um crescimento vigoroso de volume no acumulado de 12 meses até agosto.

A taxa de juros está em queda nos bancos oficiais e o custeio da máquina pública tem subido acima da produtividade e do crescimento do PIB, ambiente propício para elevação de preços.
Eventuais reduções de custos podem resultar em queda de preços ou em recomposição das margens de lucro. Por outro lado, medidas macroprudenciais ou elevação de juros levam tempo para surtirem efeitos. Qual seria a reação do Governo se a inflação estivesse chegando no teto da meta em março de 2013?

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