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abr 24 2013

COPA DO MUNDO É UMA TRAGÉDIA – ATÉ A BOLA ROLAR

 RENATO RIELLA

Tenho mostrado aqui  que o noticiário ligado à Copa do Mundo é sempre negativo. Parece uma maldição. As estruturas de marketing milionárias do governo federal e dos governos estaduais (inclusive o do DF) não têm inteligência para enfrentar esse fenômeno.

É como se todos vivessem sob um sentimento de culpa que impede os diversos agentes envolvidos de se posicionar. E nunca geram fatos positivos. Só há suspeita, denúncia, fofoca, trapalhada, desentendimento, etc.

Assim, nessa linha trágica, vemos o presidente do partido DEM, o ex-deputado Alberto Fraga, aparecer de maneira raivosa, no velho estilo de xerife da Ceilândia, dizendo na TV que o novo Estádio Garrincha foi orçado na faixa dos R$ 600 milhões e já está custando R$ 1,5 bilhão.

Na minha casa confortával ouvi isso, sabendo que dona Mariazinha, numa favela lá na Ceilândia, e seu Zequinha, num barraco lá em Itapoan, também absorveram como verdadeira a mesma informação – enquanto o Hospital da Ceilândia aparece no Jornal Nacional como palco de mortes infantis.

O presidente da CBF, José Maria Marin, permanece na mídia como o vilão nacional do momento (ganha nesse item até de Eike Batista). Uma ala de estádio em construção matou operário em São Paulo. E a Seleção Brasileira não merece confiança.

Em meio a esse quadro de péssimas notícias, temos o Fraga denunciando o governo do DF por estourar de maneira absurda o orçamento do Estádio Garrincha.

Hoje vejo que o GDF está lançando um portal (site) da Copa. É preciso responder ao Fraga de forma detalhada, mostrando os custos reais do estádio.

Houve um longo período em que não havia opinião pública no Brasil. Foi de 1964 a 1984. O então regime militar, num dia de chuva, dizia que estava fazendo sol e a gente até acreditava nisso.

Mas acabou a moleza. Todo mundo que mexe como assuntos de interesse público deve se preocupar com a opinião idem.

 

BOATOS CERCAM O

NOVO ESTÁDIO DO DF

Dizem há muito tempo que uma mentira repetida vira verdade. Digamos que o custo de R$ 1,5 bilhão do estádio seja falso – mas virou verdade, agora cristalizada pelo tom convincente do Fraga na TV. Não esqueçamos que ele ganhou o plebiscito do desarmamento sozinho, com essa cara braba de ser na TV.

Há mil outros complicadores. O governador Agnelo Queiroz não pode subestimar boatos que cercam o adiamento do uso do Estádio Garrincha, que terá seu primeiro jogo somente em 18 de maio.

Quando a mesma empresa que constrói o estádio, a Via Engenharia, não entregou ao então governador Roriz a Ponte JK antes da eleição de 2006, havia até fofoca corrente de que a construção teria problemas estruturais. Era mentira e a Ponte está viva e linda até hoje, mas muita gente acreditou nisso.

A opinião pública deve ser alimentada a todo dia, a todo momento. Não dá para relaxar. E o custo do estádio é fator estratégico de convencimento da população, que ainda vê a proposta de Copa do Mundo com desconfiança.

Muito provavelmente, quando a bola começar a rolar, na Copa das Confederações, a partir de 15 de junho, a opinião pública brasileira mude de postura em relação a todos esses gastos. Até lá, qualquer Fraga que aparecer na TV batendo nos governos terá credibilidade e aceitação. Não adianta chiar. É a regra do jogo.

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