ARNALDO BARBOSA BRANDÃO
Pois é, vejam como são as coisas. Estou namorando uma médica cubana. Está louca pra ficar no Brasil, está imaginando que eu vou ser o salva-vidas dela, porque o único jeito dela ficar por aqui é casando-se com um brasileiro.
O fato é que vivo sonhando com a cubana, uma hora estamos dançando um bolero do Bievenido Granda no cabaré de Belém, outra hora tenho um sonho tipo Dali e a bota preta do Fidel pisa nos meus colhões.
Consultei o livro do Freud (a interpretação dos Sonhos), ele disse que preciso me livrar do passado e casar com a cubana.
O problema é que faz tempo que ando com vontade de dar uma cacetada nos governantes cubanos, mas aí penso em alguns amigos do facebook, penso nos boleros cubanos dos anos 40 e 50, nos músicos do Buena Vista e acabo dando pra trás.
Mas hoje não tem perdão. Quando é que Cuba terá eleições livres? Quando Cuba permitirá a seus habitantes viajarem para o exterior? Até quando Cuba vai encarcerar pessoas por delito de opinião? Por que em Cuba não tem imprensa livre?
As mesmas críticas que fazíamos aos militares que governaram o Brasil de 1964 a 1984 devíamos fazer a Cuba, com um agravante, os militares ficaram 30 anos e os governantes de Cuba estão lá há mais de 60, sendo que os militares ainda deixaram Itaipu, senão estaríamos todos no escuro.
O pior é que passei três anos na Amazônia e ainda fiquei em cana mais de dois anos no Oiapoque por conta de defender as ideias do Castro e do Che, uns caras que só queriam chegar ao poder, e para isso fuzilaram um monte de gente. Tinham tudo para criarem um país decente, mas fizeram um estrago.
Para completar, afundaram a “cultura” cubana, um país de grandes escritores, músicos excepcionais, cantores especiais.
Imagine uma literatura que produziu José Marti, Alejo Carpentier, Lezama Lima, Cabrera Infante, Nícolas Guilén, entre outros, a maioria teve que se exilar. Seria o mesmo que exilar Rosa, Machado, Graciliano.
Trocaram tudo isso por jogadores de vôlei e meia dúzia de ginastas treinados pelos soviéticos e ainda perderam o Beisebol, cujos jogadores fugiram para os EUA.
Não sei onde eu estava com a cabeça quando torcia pelo Che, na época que ele se enfiou pela Selva Boliviana? Talvez no lugar de sempre: dentro da cueca.
O nome dela por incrível que pareça é Dolores del Brandão. É uma nega alta, corpo perfeito e um sorriso permanente, é tudo que preciso. E sendo médica melhor ainda, não preciso mais pagar aos médicos brasileiros para conseguir uma receita de penicilina, estreptomicina, carbamazeipina, rivotril, etc. Porque agora no Brasil é preciso receita até pra aspirina.
Estou ensinando a Dolores como viver no Brasil, porque ela vive com medo. Vamos fazer um passeio na Rocinha no Rio, pra ela ver como funciona a coisa. Depois oficializamos o casamento.
Agora me aparece esta história dos médicos cubanos, médicos altamente confiáveis, outro dia pedi a Dolores pra aplicar uma injeção na bunda, ela me acertou os ovos.