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jul 10 2018

Debate abre eleição de governador no df

 

SAULO ARAÚJO – FERNANDO CAIXETA (Metrópoles)

Após passarem meses trocando farpas nos bastidores da política do Distrito Federal, sete postulantes ao Palácio do Buriti puderam ficar frente a frente durante o primeiro debate entre os pré-candidatos ao GDF.

Promovido pelo Metrópoles, o evento foi realizado na noite dessa segunda-feira (9/7), no Auditório ParlaMundi, na Legião da Boa Vontade (LBV).

Além de apresentarem ao eleitor propostas para áreas vitais da cidade, como saúde, educação e segurança, os aspirantes ao posto máximo do Executivo local provocaram-se e tentaram explorar eventuais fraquezas dos concorrentes.

O confronto de ideias foi transmitido ao vivo em todas as plataformas do grupo. Nas redes sociais (Facebook, Twitter, Instagram e YouTube), havia mais de 133 mil visualizações até as 23h45.

O debate mobilizou ainda convidados e simpatizantes dos que sonham comandar a capital do país a partir de 2019. Com capacidade para 500 pessoas, o auditório do ParlaMundi ficou lotado.

Durante pouco mais de três horas, o empresário Alexandre Guerra (Novo); a ex-distrital e secretária do governo Arruda Eliana Pedrosa (Pros); a enfermeira sanitarista e uma das criadoras do Saúde da Família Fátima Sousa (Psol); o deputado federal Izalci Lucas (PSDB); o ex-secretário de saúde e ex-deputado federal Jofran Frejat (PR); o general Paulo Chagas (PRP); e o atual governador do DF, Rodrigo Rollemberg (PSB), tentaram convencer a população do DF de serem merecedores dos votos no pleito de outubro.

O clima começou cortês, mas esquentou em alguns momentos, com pré-candidatos elevando o tom de voz para atacar ou se defender de acusações.

O primeiro embate ocorreu entre Fátima e Frejat. O postulante ao Buriti pelo PR foi acusado pela candidata do PSol de ter dado uma “canetada” e acabado com o programa Saúde em Casa. Com ironia, Frejat chamou a docente de mal-informada, disse que o projeto foi extinto após ele ter assumido a secretaria de Saúde, mas antes passou por aperfeiçoamento.

Em razão das recorrentes manifestações da plateia, que vaiava ou aplaudia conforme as falas, a mediadora do debate e diretora de Redação do Metrópoles, Lilian Tahan, teve de fazer várias intervenções pedindo silêncio. Estreante na política, o general Paulo Chagas causou frenesi ao responder a pergunta da jornalista da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) Juliana Cézar Nunes sobre o alto índice de homicídios de jovens negros.

A repórter citava dados do Atlas da Violência de 2017, segundo os quais, das 61.283 mortes violentas ocorridas em 2016, 74,5% eram de pessoas negras, sendo que 53% das vítimas tinham idade entre 15 e 29 anos. Ao tomar a palavra, o oficial do Exército Brasileiro disse: “Se os negros são os que mais morrem, são também os que mais matam”.

Após parte do público entoar gritos de “racista”, o general se explicou dizendo ter sido mal interpretado. “Sou uma pessoa que convive bem com qualquer tipo de gente, de qualquer raça ou religião”,

 

Mais cobrado
O atual chefe do Executivo local foi duramente atacado ao longo do debate. Rollemberg teve de responder a questionamentos sobre o desabamento do viaduto da Galeria dos Estados, em 6 de fevereiro de 2018. Ao explicar a falta de manutenção na estrutura, alegou não “poder fazer tudo ao mesmo tempo”.

Rollemberg também foi acusado por Eliana Pedrosa de “chororô”, ao recorrer com frequência à “herança maldita” deixada pelo antecessor, Agnelo Queiroz (PT). O governador também defendeu o programa de regularização fundiária, classificando como “o maior da história do Distrito Federal”, em resposta à pergunta de Fátima Sousa. Na réplica, a candidata desqualificou o projeto, considerado por ela incompleto e ineficiente.

Já o candidato do Partido Novo, Alexandre Guerra, acusou o GDF de utilizar secretarias, empresas públicas e administrações regionais como instrumentos para atender interesses políticos sem qualquer critério técnico e os indicados aos cargos terem a devida qualificação. Na réplica, exaltado e em tom de voz elevado, Rollemberg respondeu.

“A CEB estava quebrada e nós a recuperamos. O mesmo ocorreu na Caesb, na Terracap e no BRB. Está ali o Júlio [Gregório, secretário de Educação], que não foi indicação política; o Wilson [de Paula, secretário de Fazenda] também não foi”, explicou.

Estreantes
Caras novas do eleitorado brasiliense, Paulo Chagas, Fátima Sousa e o próprio Alexandre Guerra defenderam pontos de vista distintos em relação ao modelo de gestão que pretendem implementar no DF. Guerra defendeu a disruptura do famigerado toma lá dá cá entre o governo e a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). “Se um deputado quiser se sentar comigo e conversar para chegar num acordo, nós faremos. Negociações nós faremos, negociatas, não”, garantiu.

Enfermeira sanitarista, a candidata do PSol bateu na tecla da saúde e travou seus principais embates com o veterano e ex-secretário de Saúde Jofran Frejat. “O senhor criou a ESCS [Escola Superior de Ciências da Saúde], mas se utilizou de toda a estrutura e servidores da secretaria de Saúde. São servidores sobrecarregados, com dupla jornada, não podendo se dedicar exclusivamente aos estudantes. O senhor também não ouviu a Universidade de Brasília nesse processo”, criticou Fátima Sousa. Irritado, Frejat respondeu dizendo ser “muito fácil quem não participou pôr defeito no que está pronto”.

Na visão do general Paulo Chagas, há necessidade de mudança nas pessoas e não no discurso. “De quatro em quatro anos, nós ouvimos as mesmos candidatos falando que a saúde, a educação e a segurança não têm jeito, mas prometem mudanças. Se você votou em alguém e ela te pede voto nas eleições seguintes, você tem de se fazer uma pergunta: o que ele fez nesses quatro anos?”, questionou.

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