RENATO RIELLA
Dizem que, tradicionalmente, quando o presidente do Brasil faz o discurso de abertura na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, os representantes dos outros países aproveitam para marcar encontros, conhecer novos diplomatas e se preparar para outras discussões.
De qualquer modo, foi importante ver que a presidente Dilma Rousseff defendeu com firmeza que sejam feitas reformas no Fundo Monetário Internacional (FMI) e no Conselho de Segurança das Nações Unidas, durante seu discurso na 68ª Assembleia Geral da ONU, que é sempre aberta pelo representante do Brasil, há seis décadas.
Tanto o FMI como o Conselho de Segurança precisam refletir o peso dos países emergentes e em desenvolvimento, afirmou Dilma. Segundo ela, a demora em mudar estaria reduzindo a legitimidade e eficácia desses organismos.
A grande dificuldade de oferecer solução para o conflito sírio e a “paralisia” no tratamento da questão Israel-Palestina, por exemplo, seriam fruto da falta de representatividade do atual Conselho de Segurança.
“Urge dotar o conselho de vozes ao mesmo tempo independentes e construtivas. Somente a ampliação do número de membros permanentes e não-permanentes, e a inclusão de países em desenvolvimento em ambas as categorias, permitirá sanar o atual déficit de representatividade e legitimidade do conselho”, alerta Dilma.
O Conselho de Segurança é o único órgão internacional capaz de obrigar todos os membros da ONU a seguir suas resoluções, podendo, inclusive, autorizar intervenção militar para garantir a execução.
Dos 15 países do conselho, cinco são membros permanentes (China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia) e dez são rotativos, ficando dois anos no órgão e sendo substituídos. O voto negativo de apenas um membro permanente configura veto a uma eventual resolução do conselho.
Em relação ao FMI, Dilma disse que, passada a fase mais aguda da crise econômica, os níveis de desemprego continuam “inaceitáveis” (na casa dos 200 milhões, segundo dados da Organização Internacional do Trabalho – OIT).
O fenômeno atinge países desenvolvidos e em desenvolvimento, ressaltou a presidente, e é preciso reforçar as tendências de crescimento da economia que dá sinais de recuperação.
“Os países emergentes, sozinhos, não podem garantir a retomada do crescimento global. Mais do que nunca, é preciso uma ação coordenada para reduzir o desemprego e restabelecer o dinamismo do comércio internacional. Estamos todos no mesmo barco”, complementou Dilma.
É claro que a presidente brasileira também demonstrou insatisfação com a denúncia de espionagem norte-americana e pediu que esse tipo de prática seja controlado e fiscalizado, com novas regras.