RENATO RIELLA
A presidente Dilma deixa claro, nesta passagem do ano, que está optando pelas classes D e E, ao mesmo tempo que proporciona apertos nas classes A e B. A maior prova disso é que o novo salário mínimo de R$ 724 passou a vigorar hoje (1°). O valor é 6,78% superior aos R$ 678 atuais.
O percentual está acima da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo que, segundo a projeção mais recente do boletim Focus, divulgada no início da semana passada pelo Banco Central, deve fechar o ano em 5,72%.
Na campanha eleitoral de 2010, Dilma havia prevenido que as classes A e B e as classes D e E iriam se aproximar da classe C. E assim ela vai fazendo.
O aumento constante do salário mínimo, dentro de um cronograma sempre acima da inflação, está contido na Lei Orçamentária Anual de 2014.
Segundo informações do Dieese, o mínimo injetará R$ 28,4 bilhões na economia em 2014. De acordo com cálculos da entidade, o novo valor permite a compra de 2,23 cestas básicas. Trata-se da maior relação de poder de compra desde 1979.
Enquanto cria benefícios sociais intensos e aumenta de forma artificial o salário mínimo, Dilma vai aumentando o preço da gasolina, criou correção do Imposto de Renda abaixo da inflação, apertou imposto para quem viaja ao exterior, está suspendendo o incentivo à compra de veículos e ninguém se assuste se reajustar mais intensamente os combustíveis neste início de ano.
A presidente Dilma está em ano eleitoral, mas sabe que o grosso dos seus votos encontra-s nas camadas da população beneficiadas pelos programas sociais, atendidas com desemprego baixo, com a cesta básica desonerada de impostos, com aumentos de ônibus contidos e com salário mínimo crescente.
É uma postura ideológica do governo petista, agora mais coerente do que os rompantes do ex-presidente Lula. Para completar, muitas dessas medidas não podem ser atacadas pela oposição, pois são justificáveis.
Dilma é mais esperta do que eles pensam. Além disso, os impactos de decisões tomadas no início do ano podem ser compensados nos meses seguintes, com a contabilidade criativa que o governo sabe usar muito bem.