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mar 17 2015

DILMA NÃO CAI. MAS SERÁ QUE VALE A PENA?

RENATO RIELLA

Dia 12 de abril haverá novas manifestações no Brasil, mas de princípio sabemos que Dilma Rousseff não cai. E não dá para acreditar que ela, guerrilheira de carteirinha, possa renunciar ao cargo de presidente da República só por causa dos protestos de rua.

As manifestações fazem parte do processo de explosão da sociedade. Devem ser crescentes, pois a chamada “inteligência” do governo não deu resposta a nenhuma das questões apresentadas no 15 de março.

Os jornais indicam que Dilma teve ontem uma conversa reservada com o ex-presidente José Sarney. Deve ter ouvido dele a seguinte análise: a presidente não cai, mas será que vale a pena?

É importante dizer com clareza, a todos os manifestantes (estive na Esplanada no dia 15), que Dilma só sai do Palácio do Planalto se quiser.

O processo de impeachment, além de longo, não tem fundamentação. Dilma Rousseff vem, ao longo dos tempos, cuidando bem da sua vida e dificilmente aparecerá, pessoalmente, comprometida com o desvio de recursos públicos.

Na dura campanha eleitoral, o opositor Aécio Neves, não tendo como acusar Dilma de nada, atacou de forma irresponsável o irmão dela, que vive como pobre na periferia de Belo Horizonte, distante do poder. Este foi um dos fatores de desgaste do Aécio em Minas.

O que desgasta Dilma é a péssima administração que ela faz dos problemas. Depois de ver um milhão de pessoas nas ruas, a presidente usou o mesmo remédio ruim para se defender: prometeu mandar para o Congresso projetos contra a corrupção, ou de reforma política, ou de reforma na economia.

Isto é: tal qual aconteceu em junho de 2013, em vez de agir, com os poderes que tem, Dilma atribuiu culpa e responsabilidade aos deputados federais e senadores, que já não aceitam pagar o pato.

Ontem a presidente Dilma se expressou em duas oportunidades (num discurso e numa entrevista coletiva) e não anunciou nada. Dilma até agora não deu qualquer motivo para que o povo pare de bater panelas.

Há muito para oferecer. Se o governo reduzir drasticamente o número de ministérios e se fizer uma política de austeridade, a população vai reconhecer o esforço.

É importante que a presidente indique logo um novo ministro para o Supremo Tribunal Federal, que está há quase um ano funcionando com apenas 10 ministros.

No entanto, a sociedade não pode suspeitar que o futuro ministro foi nomeado com a missão de blindar os políticos denunciados ao STF. Dilma fará um gol de placa se indicar um ministro do Supremo acima de qualquer suspeita, de grande saber jurídico, respeitado pela direita e pela esquerda, para fazer a diferença.

Além disso, se a presidente Dilma não assumir pessoalmente a condução da Petrobras, nada acontecerá. Com a experiência que tem, ela deveria transferir o seu gabinete para a sede da Petrobras, no Rio, e abrir um processo de reconstrução da empresa.

Dilma precisa oferecer respostas ao Brasil sobre todas as questões da Petrobras antes do 12 de abril. No Planalto, devem estar pensando que não haverá nova manifestação…

Qual a decisão sobre a refinaria de Pasadena? O que acontecerá com diversos empreendimentos paralisados? Qual a nova política da Petrobras em relação à Bolívia? E muitas outras respostas, além da divulgação do balanço da empresa, que já está super-atrasado.

Há muitas outras medidas que Dilma pode tomar, entre as quais a regulamentação da Lei da Corrupção, já em vigor, mas carente de complementação.

Se Dilma continuar mandando os problemas para o Congresso e prometendo diálogo, o Brasil vai ferver. Este é o quadro.

Espero que Sarney tenha dito tudo isso e mais alguma coisa.

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