RENATO RIELLA
Os brasileiros discutem a redução das taxas de juros, promessa cumprida pela presidente Dilma Rousseff, mas a maioria do povo só pensa nos efeitos dessa medida na compra de televisores, de carros ou de viagens a Disney.
No entanto, o principal efeito é a queda nos juros pagos pela dívida pública brasileira. Na verdade, o Orçamento da União para 2013, aprovado ao final de 2012, previu que, dos 2,14 trilhões de reais disponibilizados, 900 bilhões serão gastos com o pagamento de juros e amortizações da dívida pública, enquanto estão previstos, por exemplo, 71,7 bilhões para educação, 87,7 bilhões para a saúde, ou 5 bilhões para a reforma agrária.
É uma verdadeira sangria, que consome a arrecadação federal e tira dinheiro necessário aos investimentos. Quem ganha com isso são os grandes grupos financeiros e os especuladores internacionais, que vêm ao Brasil em busca de retorno elevado para a aplicação dos seus recursos.
Assim, quando a taxa Selic, sob pressão da presidente Dilma, é reduzida pelo Banco Central, o chamado mercado financeiro exerce todo tipo de pressão pela volta de juros acima dos 10% ao ano, como não se vê em nenhum outro lugar do mundo (hoje estão em 7,50%, depois da última reunião do BC).
Entre os papeis da dívida pública, neste momento, 21,6% são corrigidos pela taxa Selic, o que pode reduzir o impacto do eventual aumento da taxa de juros. Mas, de qualquer modo, a dívida pública interna, avaliada na casa dos R$ 2 trilhões, consome a melhor parte dos impostos que a gente paga. É como se o Brasil fosse uma família vivendo toda semana às custas do cheque especial. Assim não dá.