«

»

fev 28 2014

DOIS EPISÓDIOS BEM BANAIS (NÃO LEIA BANANAIS)

RENATO RIELLA

Estava sentado numa longa espera, no Banco do Brasil da Asa Norte. Passei a semana sofrendo, ao fazer pagamentos em cheques na boca do caixa, porque perdi há 10 dias o cartão da minha empresa.

De repente, passou por mim antigo amigo, atendido na fila preferencial. Enquanto a caixa processava algum pagamento, ele disparou um estranho discurso:

-“A gente fica na beira do caixa com este papelzinho amarelo da senha e não sabe o que fazer dele. Pelo menos devia haver uma latinha de lixo de cada lado. Se deixo esta senha no bolso, quando a calça for lavada vai manchar, vai sujar. Se jogar no chão, todos vão dizer que sou mal-educado” – e lá foi ele por aí. As pessoas olhavam para os lados, fingindo não ouvir nada. Tanta bobagem!

Brasília está cheia de gente assim. São geralmente homens acima de 70 anos, com altas aposentadorias, bonitões e cheios de personalidade. Quando não estão em Paris, Las Vegas, Dubai ou Disney, tiram algumas horas por semana para encher o saco nas agências bancárias.

O meu amigo, depois de pagar o que devia, passou por mim e me deu um abraço carinhoso. Depois seguiu em frente, ainda gesticulando ao vento.

Pensei: “Que cara chato!” Olhei para a menina do caixa e li nos olhos brilhantes dela: “É um velho maluco!”.

E assim segue a vida. Realmente, as agências bancárias de Brasília estão cheias de velhos malucos. Já interferi muitas vezes contra eles, nos seus ataques de rabugice.

OUTRO EPISÓDIO BANANAL

Dito tudo isso, fui no dia seguinte ao BB do Lago Sul para pedir um novo cartão, que seria enviado 10 dias depois pelo correio, etc.

O jovem gerente da ala comercial me deu um chazinho de cadeira de 40 minutos. Depois, muito solícito, tratou do meu caso. Abriu o arquivo da minha empresa no computador. Conferiu endereço. Explicou que a entrega demora alguns dias, etc.

De repente, deu pequena risada e disse: “Mas o seu cartão perdido está comigo! Foi encontrado aqui na agência”. Sem me dar tempo de respirar, desceu correndo uma escada e trouxe o tal cartão. Graças a Deus!

Fui embora aliviado. De repente, parei o carro embaixo de uma árvore e pensei: “FDP! Devia ter me telefonado assim que achou o cartão. Fiquei dez dias penando por nada”.

Quase voltei lá para dizer tudo isso. Mas me veio à mente o olhar da caixa no dia anterior. “Velho maluco, não!”.

A verdade é que o carinha do BB merecia uma lição, mas a melhor lição quem aprendeu fui eu: o Brasil não está valendo a pena.

Se você tiver menos de 30 anos, fuja enquanto é tempo para Uruguai, Paraguai, Angola, Costa Rica ou qualquer outro lugar onde as pessoas ainda tenham garra para trabalhar.

Estamos definitivamente deitados em berço esplêndido.

1 comentário

  1. Wílon Wander Lopes

    Amigo Riella,
    A gente pode concordar ou não concordar com você. Mas você é coerente: Você deu a sugestão e, depois, deu o exemplo: foi pro Chile. Boa viagem. E volte menos ranzinza.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode usar estas tags e atributos HTML: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>

*