RENATO RIELLA
Morreu Dona Canô. Tinha 105 anos. Era uma espécie de imperatriz, uma rainha da Inglaterra em Santa Amaro da Purificação, cidade relativamente pequena do Recôncavo baiano (duas horas de Salvador).
À frente de uma família simples, interiorana, ela gerou a mais fina semente cultural possível num país como o Brasil. Sua germinação atingiu o mundo e certamente melhorou muito a humanidade.
Cresceu como ser humano e tinha valor próprio, sendo ouvida por governantes quando exigia atendimentos básicos à população da sua região (o temido ACM atendia telefonema dela onde estivesse e mandava fazer o que pedia).
Dona Canô é a prova de que o ser humano surpreende e supera todas as limitações, se estiver sob as bênçãos de Deus. E a sua novena foi imortalizada numa das principais músicas do filho, Caetano Veloso, como sagrada e santa, poderosa.
O Brasil é um país onde pode florescer gente como Dona Canô, um verdadeiro milagre.