RENATO RIELLA
O que muda no Brasil depois deste escândalo descoberto na Petrobras? Esta é a pergunta que devemos fazer numa semana de muitas manifestações.
Hoje, por exemplo, ficamos sabendo que a Procuradoria-Geral da República (PGR) conseguiu a repatriação de R$ 139 milhões pertencentes ao ex-gerente da Petrobras, Pedro Barusco, que mantinha este dinheiro em contas no exterior. Quase nada!
R$ 139 milhões é mesmo muito pouco, pois a Justiça Federal trabalha com um número muito maior (R$ 4 bilhões) para definir o dinheiro efetivamente roubado da Petrobras por dirigentes que estão presos ou estão sendo processados.
COMO EXPLICAR OS R$ 88,6 BILHÕES?
Na verdade, a ex-presidente Graça Foster caiu do cargo quando falou num número muito maior, assustador: R$ 88,6 bilhões. Este possível prejuízo, enorme, deve ser melhor esclarecido no balanço de 2014 que a Petrobras apresentará ao mundo até maio.
No entanto, é preciso explicar que os R$ 86,8 bilhões não foram totalmente roubados. Pode ser que, dentro deste valor, haja mesmo somente R$ 4 bilhões desviados para contas particulares.
O restante, mais de R$ 80 bilhões, foram perdidos em investimentos malucos, como as três refinarias caríssimas abandonadas nos estados de Maranhão, Ceará e Pernambuco. Em todas elas alguns bilhões foram perdidos.
Dentro dos R$ 80 bilhões, está também a refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, onde uma dinheirada aplicada nunca será recuperada.
O dinheiro devolvido por Barusco (R$ 139 bilhões) já foi transferido para uma conta-corrente da Justiça Federal em Curitiba, responsável pelas investigações da Operação Lava Jato. Após a conclusão do processo, a grana suja será devolvida para a Petrobras.
A quantia se refere a uma parte dos valores a serem repatriados, mas ninguém espere que os R$ 4 bilhões roubados possam ser devolvidos. Evaporou-se a maior parte deste dinheiro. Gente grande ficará presa sem devolver o que roubou.
Segundo a investigação da Polícia Federal, Ministério Público e Justiça Federal, a propina do Barusco foi recebida e depositada no exterior, em contas nos bancos HS Republic, HSBC, Safra, Cramer, Royal Bank of Canada e Delta.