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maio 11 2014

É A MÃE!

RENATO RIELLA

Quando nasci, minha mãe Cecília tinha 19 anos (meu pai, 32). Era nova, nova, nova… Ela tinha uma sogra, Teté, que morava em Itabuna e infernizava as coisas quando chegava em Salvador.

Meu irmão Humberto e eu aproveitávamos as visitas da velha para fazer queixas da minha jovem mãe. Diante disso, Teté reclamava: “Cecília, deixe os meninos fazerem as coisas deles”.

Um dia, meu pai anunciou a vinda da mãe dele a Salvador. Preparativos seriam feitos para que Teté encontrasse a casa em ordem.

Cecília me chamou e disse: “Renato, vá pegar a escova!” Tomei um susto: “Mainha, a escova! O que foi que eu fiz?”

A escova de escovar sapatos era usada para dar bolos doloridos nas mãos minhas e do meu irmão Humberto, quando a gente aprontava alguma.

Buscada a escova, Cecília explicou: “Cada um de vocês vai tomar 12 bolos para não fazer fofoca quando a sua avó chegar, viu”.

Assim mesmo: bolos preventivos. E por que 12 e não 10? O certo é que choramos de dor e aprendemos a lição: nada de fofoca. Teté acabou achando que estava tudo perfeito, sem queixas.

Há 60 anos, os filhos eram criados assim. Registro feito, reconheço que Cecília era muito jovem, mas nos criou bem, muito bem, bem demais, superbem, com amor, ao som de Dorival Caymmi quase diariamente.

Hoje, com certeza, ela está no camarote VIP do céu, nos observando de luneta, vendo cada detalhe.

Nesta vida louca, de vez em quando caio em tentação. Penso em fazer alguma bobagem, mas os 12 bolos preventivos me fazem corrigir o rumo. A mão direita até esquenta, só de pensar…

Você já tomou bolos de escova? Dói pra caramba. É inesquecível. Mesmo assim, feliz Dia das Mães para todo mundo. Deus sabe o que faz.

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