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dez 13 2014

E AÍ, AGNELO, VOCÊ NÃO DIZ NADA DIANTE DAS PAULADAS DO ROLLEMBERG?

RENATO RIELLA

Vi hoje, pessoalmente, anotando cada detalhe, o governador eleito Rodrigo Rollemberg jogar duríssimo contra o atual governador Agnelo Queiroz. Botou pra quebrar!

Seria uma entrevista coletiva à imprensa, mas acabou sendo um ato público vibrante, com mais de 300 pessoas presentes, no Centro de Convenções.

Rollemberg denunciou irresponsabilidade administrativa, apagão de gestão, total descontrole, aumento exponencial de gastos, tudo isso dentro de um quadro em que o Orçamento é uma peça de ficção.

O futuro governador disse que, no trabalho de um mês e meio após a eleição, obteve informações oficiais e também de servidores do GDF, mostrando um quadro gravíssimo, assumido pelo atual governo à revelia da Secretaria da Fazenda.

Segundo Rollemberg, o governo Agnelo está prestes a ultrapassar os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal, com dificuldades para pagar aos aposentados ou mesmo fazer os repasses devidos às empresas de ônibus.

Diante de tudo isso, será que o governador Agnelo Queiroz vai produzir um ato semelhante, para se defender? O tempo está esquentando!

 

CENTRO ADMINISTRATIVO É FATOR DE CONFLITO

 

Rodrigo Rollemberg demonstrou grande preocupação em relação ao futuro Centro Administrativo do DF. É uma verdadeira cidade instalada em Taguatinga, em regime de PPP (Parceria Público-Privada), num custo superior a R$ 1 bilhão.

Rollemberg disse que Agnelo Queiroz está prestes a receber este projeto, mas o engenheiro da obra garante que não está pronto, faltando de 60 a 90 dias de trabalho para conclusão. É um empreendimento sem habite-se e sem móveis, que pode custar a partir de janeiro R$ 17 milhões ao GDF (aluguel à PPP), mas não poderá entrar em uso tão cedo.

O Ministério Público já recomendou ao atual governo que não receba a obra como pronta. Este passa a ser um grande fator de crise entre as duas administrações do GDF.

 

FUTURO GOVERNADOR ESTÁ OTIMISTA

 

Mesmo dizendo que o Governo do DF fecha o exercício de 2014 com um déficit de R$ 3,8 bilhões, Rodrigo Rollemberg revelou-se publicamente otimista e confiante.

Disse que, com austeridade e transparência, Brasília poderá voltar a crescer, mas sua assessoria listou 100 riscos para o início de administração.

Pode ser que, dentro de algum tempo, as contas do DF sejam reequilibradas, mas no momento estão em péssimo estado. Pelo que informou a equipe de transição do novo governo, o GDF vive com um déficit crescente desde 2010.

 

ENTRE 100 RISCOS, ALGUNS DESTAQUES

 

Uma das principais preocupações para 2015 é o setor de Educação. Há medo de graves problemas no início de aulas, não somente pela questão salarial a ser suprida, mas também pela deficiência na infraestrutura de escolas que não foram reformadas.

Há carência de pessoal na educação infantil e no ensino fundamental. Nas escolas técnicas, cadeiras como Matemática e Português têm expressivo déficit de professores.

Na Saúde, foi constatada a falta de pelo menos 220 medicamentos, cujos estoques estão zerados. A manutenção de equipamentos está crítica, com pagamentos atrasados a fornecedores, assim como a alimentação nas unidades.

Há preocupação com a permanência de contratos emergenciais nas áreas de limpeza, vigilância e lavanderia, assim como com os contratos temporários de mais de mil profissionais de Saúde, que não poderão ser renovados.

Na Segurança, as preocupações são a manutenção de viaturas e a interrupção do atendimento emergencial do 190, assim como a suspensão do atendimento de saúde aos policiais militares, entre outras questões pontuais.

 

METRÔ É UM ÍTEM QUE PREOCUPA MUITO

O governo Rollemberg está estudando a situação crítica do Metrô, onde o contrato de manutenção apresenta graves problemas, sem contar a dificuldade para manter os repasses de subsídios às empresas de ônibus recém-contratadas.

Há situações inusitadas, como a questão do Carnaval de 2015, pois não há verba no Orçamento para esse tipo de atividade. Outra situação surpreendente vem com o compromisso do GDF de sediar a Universíade em 2019, com a necessidade de aplicação de muitos milhões ainda em 2015, sem dinheiro disponível para isso.

Entre muitas outras crises, haverá graves dificuldades financeiras no SLU, na Terracap e na CEB para cumprirem seus compromissos no primeiro semestre, adverte a equipe de Rodrigo Rollemberg.

O futuro governador atribui esse descontrole principalmente ao aumento contínuo dos gastos com pessoal, desde 2011 (engraçado, não falou do Estádio Mané Garrincha em nenhum momento).

 

GASTOS IRREGULARES COM PESSOAL

 

A Secretaria de Administração do governo Agnelo, que preside o Conselho de Política de Pessoal (CPP) do GDF, é denunciada por ter feito ampliação de despesas bilionárias com os servidores sem passar por este órgão colegiado.

As secretarias de Fazenda e Planejamento, que têm assento no CPP, estariam se recusando a corroborar decisões das quais não participaram. Isso em algum momento pode dar graves complicações para o governador Agnelo Queiroz e para o secretário de Administração, Vilmar Lacerda, que teriam extrapolado nas suas atribuições.

É neste clima que Rodrigo Rollemberg pretende anunciar na segunda-feira um secretariado enxuto, com apenas 22 secretarias, quando hoje são mais de 30. E vai anunciar também ações para os primeiros 120 dias de governo, sabendo que dificilmente conseguirá eliminar o déficit no exercício de 2015.

Esses secretários do Rollemberg estão sendo chamados de “ministros”, pois ele pretende apresentar uma equipe impactante. Todos vão começar a trabalhar antes da posse de 1º de janeiro, abrindo diálogos com as áreas críticas das relações do governo com a sociedade.

 

REDUÇÃO DAS ADMINISTRAÇÕES REGIONAIS

Rollemberg não quis confirmar se vai reduzir o número de administrações regionais. Hoje, de forma absurda, são 31, em locais que mal merecem um síndico, como o bairro do Varjão. Sobre a eleição de administradores regionais, disse que é um assunto para ser discutido ao longo do tempo, como sempre previmos.

Não confirmou se sairá mesmo o falado decretão, no qual todos os ocupantes de cargos de confiança (cargos em comissão) poderão ser exonerados a partir de 1º de janeiro, permitindo a recomposição das equipes em novas bases.

Assim, hoje foi só problema. Quem sabe, na próxima semana não aparecerão soluções!

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