RENATO RIELLA
O governo de transição do eleito Rodrigo Rollemberg (PSB) está discutindo a questão dos cargos em comissão. Tenta cumprir a promessa de campanha, visando a redução drástica dos empregos públicos nos chamados cargos em confiança.
Há muitas opções de corte. A mais óbvia pode vir com a redução do número de regiões administrativas, muitas das quais nao têm nenhum servidor de carreira em operação – são verdadeiros cabides de empregos descredenciados.
Nas últimas décadas, houve desonestidade na criação de regiões administrativas (muitas delas antes chamadas de cidades-satélites).
Hoje são 31 RAs, algumas absolutamente inexpressivas, injustificáveis, até mesmo ridículas. Varjão, por exemplo, é uma unidade tão pequena que mereceria no máximo um síndico, nunca um administrador.
O Paranoá poderia abarcar as regiões de Varjão e Itapoan, transformando-se numa unidade politicamente forte, bem instalada, de modo a fazer planejamento da área abrangida.
Querem ver um erro grave? Nunca a região de Jardim Botânico deveria ter sido separada do Lago Sul. Da mesma forma, Candangolândia e Núcleo Bandeirante são uma coisa só.
A região do Cruzeiro é cada vez mais Sudoeste e não merece ter administrador próprio. Sobradinho I precisa urgentemente engolir Sobradinho II e Fercal.
Riacho Fundo I e Riacho Fundo II precisam ser fundidas, quem sabe abrangendo Recanto das Emas, uma cidade muito próxima.
Da mesma forma, a região do SIA podia fazer parte de Vicente Pires.
Estes são alguns exemplos de uma reforma a ser feita na ocupação territorial do DF. Estudos mais profundos podem levar a outras conclusões, mas as sugestões que apresento aqui são bem úteis e interessantes.
Fortalecidas, as RAs podem ser bem instaladas, com setores de fiscalização e liberação de projetos formados por profissionais de alto nível. Podem também, essas superregiões, ganhar máquinas para manutenções básicas.
Além de tudo isso, passaremos a ter administradores regionais expressivos. Hoje, o setor está tão banalizado que nenhum administrador consegue ocupar espaço na mídia. São autoridades sem voz nem vez, meros gerentes de balcões que não funcionam.
É claro que, eventualmente, uma nova região pode ser criada. É o caso da área que abrange Sol Nascente e outras favelas desgarradas da Ceilândia, uma cidade que já é muito grande e se basta, nos seus próprios problemas. Tudo depende de muita discussão.
Dizem que os governos precisam fazer as maldades nos primeiros meses. Digamos que a extinção de algumas administrações regionais possa ser chamada de uma maldade política. Por isso, Rodrigo Rollemberg precisa anunciar isso logo.
Se demorar três meses, nada mais acontecerá. O certo é que não dá para conviver com 31 administradores regionais que não administram nem as suas próprias mesas.