RENATO RIELLA
A revista britânica The Economist causa polêmica ao pedir que a presidente Dilma Rousseff demita o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ô, pessoal da Economist, vá discutir a gravidez de Lady Kate, que vende mais jornal (brincadeira! Sei que eles mexem só com economia, como diz o nome)
O certo é que a economia brasileira é um enigma. As discussões mais profundas, mais técnicas, viram questões políticas baratas, com passeatas, bate-boca entre partidos, governadores divididos, municípios sonhando com bilhões, etc. Nada sério, nem baseado em números reais. Nada que a gente, da imprensa, possa dizer que entende, que há dados confiáveis, etc.
Vejam a polêmica dos royalties do petróleo. Estamos debatendo a divisão do lucro do Pré-Sal, quando não temos a mínima certeza de obter tecnologia segura para fazer prospecção a sete quilômetros de profundidade, no alto-mar, abaixo de uma grossa camada de sal. Sinceramente, se fosse na Lua seria mais fácil, pois já estivemos lá algumas vezes. Mas na camada de Pré-Sal!…
O mesmo ocorre na discussão sobre a redução das tarifas de energia elétrica em todo o Brasil. A presidente Dilma Rousseff tenta passar para a opinião pública que esse tipo de benesse à população está sendo retardado por posicionamento político dos tucanos. E os números? E os estudos de parte a parte? Tecnicamente falando, quem tem razão?
Desafio os grandes analistas da imprensa brasileira a entrar nesses debates com firmeza, dizendo com segurança absoluta se há erro aqui ou ali. Ô, Joelmir Betting, fala lá de cima!
O mesmo vale para a Petrobras, cujos números são nebulosos. E a superpoderosa Vale, tendo sofrido uma intervenção branca do governo, também virou uma caixa-preta. Ninguém sabe para onde vai essa grande empresa, abalando a segurança dos investidores.
Visto assim, The Economist tem razão. Este ano, por exemplo, o crescimento do PIB no Brasil pode mesmo ficar abaixo de 1%, o que gerará ampla repercussão (The Economist vai deitar e rolar quando sair este resultado). No entanto, o ministro Mantega vinha prevendo ótimo resultado, como volta a prever com os 4% de 2013. O otimismo em pessoa! Mamãe passou manteiga ni mim!
Há um antigo ditado que diz: “O Brasil cresce de noite, quando o governo está dormindo”. O pessoal do The Economist não deve conhecer essa sabedoria brasileira, que é acrescida de outra, bem consolidada: “Deus é brasileiro”.
Só se for. Mas a gente só queria entender de fato o que está acontecendo na economia. Está bem difícil. O Brasil é o único país no mundo que discute economia com linguagem de futebol.
