O cerco contra o presidente da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha, está se fechando e ele dá demonstrações de desespero e revolta, mas ainda mantém muito poder.
No Paraná, o juiz federal Sergio Moro indiciou a mulher de Cunha, jornalista Cláudia Cruz, pelo manejo de grande volume de dinheiro irregular na Europa, oriundo de prováveis subornos ligados à Petrobras.
No Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Teori Zavascki concedeu prazo de cinco dias para que o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), apresente defesa prévia na ação penal a que ele responde no tribunal.
De acordo com a decisão, assinada na terça-feira (7), o interrogatório de Cunha será feito ao fim da tramitação da ação penal, que ainda não tem previsão de ocorrer.
Em março, a maioria dos ministros da Corte, seguindo o voto de Teori Zavascki, entendeu que há indícios de que Cunha recebeu US$ 5 milhões de propina por um contrato de navios-sondas da Petrobras e determinou abertura de ação penal.
Em maio, o Supremo referendou liminar proferida pelo ministro e concordou que Cunha não tem condições de ocupar o cargo de presidente da Câmara. Segundo o relator, o parlamentar atua com desvio de finalidade para promover interesses espúrios.
Durante o julgamento, Zavascki citou casos envolvendo a CPI da Petrobras e o processo a que Cunha responde no Conselho de Ética da Câmara, nos quais o deputado é acusado de usar requerimentos apresentados por aliados para se beneficiar.
No dia 2 de junho, o Supremo negou recurso do presidente afastado contra abertura de ação penal na qual ele passou à condição de réu nas investigações da Operação Lava Jato.
No recurso, os advogados de Cunha afirmaram que há no texto final do julgamento “obscuridade, dúvida e contradição” e pediram que a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) fosse integralmente rejeitada.
O STF, por unanimidade, mantém Eduardo Cunha afastado do cargo de deputado federal e do posto de presidente da Câmara Federal.
Enquanto isso, arrasta-se há oito meses na Câmara Federal um processo no Conselho de Ética, no qual Cunha é acusado de haver mentido, quando declarou que não tinha contas milionárias no exterior.
A Procuradoria Geral da República, impaciente com essa demora de se resolver este caso, pediu ao Supremo a prisão de Eduardo Cunha, decisão que podia ter saído esta semana, mas não aconteceu.
Presume-se que Eduardo Cunha possa ser mesmo preso se conseguir manipular o Conselho de Ética para matar o processo que pode cassar seu mandato.
Enquanto Cunha está afastado por decisão do STF, a presidência da Câmara é ocupada pelo vice-presidente Waldir Maranhão (PP-MA), completamente desmoralizado e sem condições de presidir as sessões.
Trata-se de uma situação dramática vivida pelo Brasil, que acompanha a Novela Cunha sob revolta, perdendo a confiança nas instituições.
Até quando Eduardo Cunha manterá todo mundo refém das suas ameaças? (RENATO RIELLA)