RENATO RIELLA
O maior abuso dos últimos tempos não foi o uso desonesto de aviões da FAB pelo senador Renan Calheiros e pelo deputado federal Henrique Eduardo Alves? Há coisa muito pior.
Vou mostrar uma, do Rio de Janeiro, onde existem dois estádios ótimos, mas os times grandes estão sendo obrigados a jogar em outras cidades.
É revoltante ver que o Maracanã, tendo custado mais de R 1,2 bilhão ao Estado, não pode ser usado por Flamengo, Vasco, Botafogo e Fluminense, porque foi dado de presente a Eike Batista, o empresário mais vilão do país.
O Flamengo já agendou sete partidas do Campeonato Nacional para o Estádio Mané Garrincha, de Brasília, número que chegará a dez. A próxima será contra o Vasco, devendo atrair público de cerca de 70 mil pessoas.
Em matéria de renda, tudo bem para os clubes, pois em diversas capitais há bons estádios, com torcedores ansiosos para ver os grandes times. Mas como ficam os torcedores cariocas dessas quatro grandes equipes?
As partidas poderiam se realizar no Engenhão, no Rio. No entanto, é monstruoso saber que esse estádio, construído para o Pan de 2007, apresentou grave problema estrutural na cobertura e está interditado, pelo menos, até 2015. E ninguém foi preso por isso, nem mesmo o engenheiro que assinou o projeto.
As passeatas estão rareando, mas quando voltarem terão acréscimo de torcedores dos quatro grandes clubes do Rio, absurdamente prejudicados no seu direito de ver os times de coração jogando.
ESTÁDIO MANÉ GARRINCHA
GERA MÍDIA NEGATIVA
Tenho alertado, desde o ano passado, que todo o noticiário da Copa do Mundo de 2014 é negativo, desgastante para as partes envolvidas, inclusive os governos.
E Brasília contribui muito para isso. O Estádio Garrincha, que dizem ter custado R$ 1,5 bi, foi usado há uma semana para uma apresentação em homenagem a Renato Russo, ótima iniciativa, mas que despertou críticas por deficiências técnicas.
Ontem, na transmissão do jogo Flamengo x Coritiba, ficou destacado que o tal espetáculo musical danificou gravemente o gramado do estádio, usado antes em um jogo da Copa das Confederações (Brasil 3×0 Japão).
É trapalhada demais. Nada dá certo. E ninguém conte que as passeatas terminaram. Elas voltarão com munição pesada.
Convenhamos, deixar que os times do Rio sejam banidos da Cidade Maravilhosa por Eike Batista é pedir uma revolução. Isso não vai ficar assim. Ou será que a gente sempre relaxa e goza? Nego erra na dose!
