RENATO RIELLA
O governador Agnelo Queiroz, que vive uma longa crise de imagem abalada, não soube capitalizar um grande feito do seu governo: a derrubada do Caje, no fim da Asa Norte.
A enorme construção, feita com diversos puxadinhos, foi totalmente demolida no último sábado, apagando simbolicamente mais de 30 anos de inferno no atendimento ao menor infrator.
Por incrível que pareça, era uma reivindicação da sociedade de Brasília nas últimas décadas, mas acabou se revertendo negativamente para o GDF.
O mérito da demolição do Caje deve-se à garra da secretária da Criança e do Adolescente, Rejane Pitanga, que deixa o GDF esta semana para ser candidata a deputada distrital pelo PT. Espero que seja eleita, por ser ótima representante da política brasiliense.
Rejane conseguiu instalar o que especialistas vêm recomendando há pelo menos 20 anos: a descentralização das instalações de detenção dos menores infratores em unidades bem menores do que o Caje, instaladas nas antigas cidades-satélites do DF.
Nessas novas unidades, os menores infratores podem ficar mais perto das suas famílias. Além disso, a dimensão do Caje impedia qualquer política mais humana. Era um verdadeiro presídio de menores.
De forma surpreendente, as redes sociais (Facebook, etc) foram ocupadas por críticas injustas a essa ação do GDF. Muita gente afirmou que o Caje foi demolido por causa da especulação imobiliária.
No entanto, o GDF não conseguiu demonstrar de forma convincente que o terreno é do Tribunal de Justiça do DF, que retoma essa propriedade e decidirá o que construir no local. Não é um terreno da Terracap.
Surgiu forte campanha para a construção de uma biblioteca no local. Sejamos realistas: o GDF tem um fantástico prédio na Esplanada dos Ministérios, chamado de Biblioteca Nacional, porém praticamente ocioso. Como fazer outra biblioteca na Asa Norte?
A verdade é que a demolição do Caje foi uma grande medida, que não mereceu o devido destaque e nem teve ótimo reconhecimento por parte da sociedade.
