Em pouco menos de quatro horas, a Bolívia viveu um dos episódios mais tensos de sua história política recente. Em uma tentativa frustrada de golpe, o ex-comandante do Exército do País Juan José Zúñiga e soldados aliados invadiram o Palácio Quemado, antiga sede do governo, mas acabaram desmobilizados. Zúñiga e outro comandante terminaram presos.
Logo após a invasão, o presidente boliviano, Luis Arce, foi pessoalmente até o local; ele estava no prédio ao lado, onde hoje funciona a sede do governo. Ao chegar, ele encontrou Zúñiga, e os dois (foto) protagonizaram uma forte discussão registrada por pessoas que estavam no local.
O ex-comandante do Exército acabou preso após o episódio e será algo de uma investigação da Procuradoria-geral da Bolívia.
Ao ser levado por policiais do palácio, Zúñiga parou em frente à imprensa e fez uma declaração surpreendente: acusou o presidente Luis Arce de ter orquestrado um autogolpe para ganhar popularidade.
Mesmo fora do poder e impedido de concorrer à presidência, o ex-presidente Evo Morales foi uma das figuras centrais da tentativa de golpe.
No dia anterior, Zúñiga havia sido destituído do cargo de comandante do Exército após fazer ameaças a Evo Morales — ele afirmou que prenderia Morales caso o ex-presidente volte ao poder.
Arce saiu em defesa de Morales mesmo sendo atualmente rival do ex-presidente. Os dois, antigos aliados, romperam no ano passado após o ex-presidente anunciar a intenção de se candidatar novamente à presidência do país nas eleições de 2025.
Atualmente, Morales tenta derrubar uma decisão da Justiça que impede sua candidatura, com base no argumento de que um cidadão não pode ocupar mais de duas vezes um cargo público.
Em pronunciamento, Luis Arce destituiu também os outros dois comandantes da Marinha e da Aeronáutica, nomeou novos chefes para as três forças e ordenou a desmobilização das tropas. A Procuradoria-geral da Bolívia anunciou que abriu uma investigação contra Zuñiga e os militares que participaram da tentativa de golpe.
Zuñiga já vinha protagonizando um embate com o governo nos últimos meses. Na segunda-feira (24), ele subiu o tom de suas declarações ao afirmar que prenderia Evo Morales caso o ex-presidente, que vai concorrer às eleições no país, volte a se eleger. Na terça-feira, foi então destituído do cargo, e senadores anunciaram um processo judicial contra ele.
O novo comandante do Exército, nomeado pelo presidente boliviano, ordenou oficialmente a desmobilização das tropas rebeldes, e os tanques se retiraram do palácio presidencial cerca de três horas depois da invasão e da praça Murillo, em frente ao palácio.
Fonte: g1
Foto: Divulgação