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ago 31 2013

FALTA DE MÉDICOS VAI SE AGRAVAR NO BRASIL. ANOTE ISSO!

RENATO RIELLA

O programa Mais Médicos vai ajudar a presidente Dilma a se reeleger, mas é preciso registrar que ela e os presidentes anteriores levaram a saúde a esta situação pela falta absoluta de planejamento.

A vinda de médicos estrangeiros, além de ser jogada de marketing, representa mero paliativo. As verdadeiras causas da crise persistem.

Você sabe que o Brasil vai enfrentar uma carência crescente de pediatras? Nossas futuras crianças não terão médicos especializados para cuidar da sua saúde.

Da mesma forma, há norma nacional obrigando todas as farmácias do país a terem o apoio de um farmacêutico formado. Muitas regiões não cumprem essa regra. Áreas mais sofisticadas, como Brasília, “importam” profissionais de estados pobres, como Alagoas e Paraíba, pois aqui a fiscalização sobre as farmácias é mais intensa.

O governo, via Ministério da Saúde, não tem dados confiáveis sobre a falta de profissionais de saúde – nem tenta incentivar a formação de médicos para as áreas mais críticas.

 

MENSALIDADE DE R$ 5.000

NOS CURSOS DE MEDICINA

O curso de Medicina é caríssimo e as universidades privadas entram cada vez mais nessa área dificílima, cobrando mensalidades na casa dos R$ 5 mil. É claro que os estudantes optam sempre por áreas onde, no futuro, possam ganhar mais trabalhando menos.

Assim, muitos fogem de especializações vitais para o sistema, como anestesista, por exemplo. Como viveremos sem este profissional? Vejam a carência dos programas de residência e vejam as opções que os jovens estão buscando na hora da especialização. É assustador.

Para completar, a presidente Dilma foi inábil, de forma incompreensível, com as entidades que representam a classe médica. Pelo contrário, essas instituições deveriam ser chamadas a discutir as carências da área. Vejam que o SUS remunera mal e os planos de saúde têm suas finanças mal administradas e mal fiscalizadas. Não vale a pena ser médico.

 

QUANTOS CIRURGIÕES ESTÃO

VINDO DE OUTROS PAÍSES?

Alguém perguntou qual a especialidade dos médicos vindos de Cuba e de outros países? Quantos são clínicos e quantos são cirurgiões? É tudo um chute. O que der, deu.

Há dois anos, ajudei a organizar debate na Associação Médica de Saúde de Brasília, às vésperas de um dia de protesto contra os planos de saúde. Havia cerca de cem médicos no auditório, representando diversos estados brasileiros.

Vi um líder de Ribeirão Preto dizendo que estava fazendo cirurgias de emergência à noite sem médico assistente. Explicou que os planos de saúde pagavam à época cerca de R$ 20,00 para um médico menos experiente acompanhar uma operação noturna feita de urgência.

O palestrante relatou que seus dois assistentes tiveram os celulares desligados à noite pelas mulheres, pois não valia a pena (em termos de remuneração) levantar para salvar uma vida no hospital. Não pagava a gasolina! E assim vai. Em tempo: o próprio cirurgião, experiente e respeitado, ganhava menos de R$ 50 por cirurgia…

 

FALTAM ESPECIALISTAS

EM DIVERSAS ÁREAS

Na década de 90, fui diretor-executivo do Sistema Fecomércio no DF. O presidente Sergio Koffes, visando atender melhor aos comerciários, comprou pelo SESC sofisticada aparelhagem de Oftalmologia. No entanto, o equipamento teve momentos de ociosidade, pois não havia oculistas na cidade para se contratar.

É tudo assim. A presidente Dilma, em meio a essa solução quebra-galho do programa Mais Médicos, precisa traçar metas de formação nessa área. Em vez disso, ameaçou ampliar o tempo de residência dos recém-formados, com estágio forçado em zonas degradadas do país, situação que deve ter desestimulado muitos jovens a optar pela Medicina. Foram para Engenharia, por exemplo, onde a iniciativa privada está buscando técnicos ainda na escola.

 

É PRECISO LEVANTAR A

CARÊNCIA DE PROFISSIONAIS

Com planejamento sério, o Brasil deve fixar o número de médicos que serão formados nos próximos anos, levando em conta especialidades e regiões do país.

Iniciativas como a do Governo do DF, que criou a própria faculdade de Medicina, gratuita, precisam ser estimuladas (mérito para Roriz e Frejat).

O certo é que, nos próximos dez anos, a presença do médico na família brasileira será crítica. Se ações profundas começarem a ser feitas agora, na década de 20 talvez o quadro mude.

Caso contrário, haja cubanos!

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