O Mercado Central de Belo Horizonte terá de pagar R$ 12 mil em indenização à faxineira Maria Conceição da Silva, conhecida como a “poliglota do Mercado Central”. A juíza Hadma Christina Murta Campos, da 9ª Vara do Trabalho da capital mineira condenou a empresa por uso indevido da imagem da funcionária.
De acordo com a magistrada, a divulgação da imagem de Conceição em reportagens e programas de televisão serviu indevidamente como propaganda do mercado. “A reclamante figurou por um período considerável como verdadeira ‘garota propaganda’ do reclamado, bastando verificar as dezenas de reportagens, inclusive em programas de TV de grande apelo popular”, diz a sentença.
Após os patrões descobrirem que a funcionária falava inglês, espanhol, italiano, holandês, alemão e hebraico, além de português, ela se tornou recepcionista em um guichê da Belotur, na entrada o mercadão. Ela teria sido usada para atrair turistas na época da Copa das Confederações no Brasil, em junho de 2013.
De acordo com o reportagem do Estado de Minas publicada em maio de 2013, a habilidade de Conceição, então com 41 anos, foi descoberta quando um segurança do Mercado Central ouviu uma ligação em que ela falava em holandês.
No mercadão, Conceição chegou a atender embaixadoras e embaixatrizes, parte de um grupo de diplomatas e convidados da União Europeia em visita a Belo Horizonte.
Nascida em Pernambuco, ela trabalhou como empregada doméstica até os 18 anos. Em 2005, Conceição conheceu um espanhol, um alemão e uma holandesa, em viagem de intercâmbio no Brasil. Eles ficaram hospedados em sua casa e após eles retornarem à Europa, ela decidiu fazer uma viagem com sua companheira. Lá, aprendeu os idiomas enquanto fez de faxina a reforma de casas.
Apesar de ter mudado de função, a promessa do empregador de reajustar o salário de Conceição não foi cumprida e após seis meses ela foi dispensada.