RENATO RIELLA
Em muitas cidades brasileiras, pessoas responsáveis estão acordando hoje com um pensamento: é preciso fazer alguma coisa.
Para alguns, essa alguma coisa é a participação nos próximos movimentos de rua – a cada momento maiores e mais violentos.
Para outras, é buscar alguma forma negociada de sair da crise que ocupa as avenidas.
Mas como? A quem pedir interferência? Não dá para chamar a ONU ainda.
Uma solução seria delegar ao presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, a missão impossível de tentar uma comunicação com os grupos de protesto. Sinceramente, parece mais fácil captar sinais de extraterrestres, a milhões de anos-luz.
Além do mais, Joaquim Barbosa surge como manifestante-mor nas redes sociais, protestando de forma chocante. Ela reclama que só no Brasil os juízes são julgados no Legislativo pelos próprios condenados. Ferrou geral! – como diz a gíria das ruas.
Então, quem pode tentar salvar o Brasil?
Pelé é unanimidade, mas está comprometido com os negócios da Copa. Virou suspeito.
Neymar foi vendido (vendeu-se) para o Barcelona.
Quem é mesmo o presidente da OAB? Ou o presidente da CNBB?
Há algum senador ou deputado em que possamos confiar ou que mereça ser ouvido?
O Brasil virou um imenso vazio ocupado por anônimos.
Aparecerá uma solução, mas não se sabe qual.
Pensando bem, cabe à presidente Dilma abrir o diálogo, liderar o debate, reconhecendo cada reivindicação das ruas.
Mas ela ainda não se recuperou da vaia e falou pela porta-voz, dizendo palavras vagas. Falou nada de nada.
Portanto, é aguardar e rezar.
A grande meta das massas, como resultado glorioso, não é suspender o aumento dos ônibus. É suspender a Copa das Confederações.
Como se dizia na ditadura: Fifa, go home!