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jan 31 2015

GOVERNO DILMA SEM ESTRATÉGIAS PARA COLOCAR O BRASIL NA ROTA DO CRESCIMENTO

 CLARA FAVILLA

O ajuste anunciado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, apesar de insuficiente reverteu, de fato, o cenário de colapso econômico que se desenhava para o Brasil, resultado da irresponsabilidade fiscal dos últimos anos, do excesso de intervencionismo, de nenhum avanço estrutural e de decisões equivocadas na área energética.

O pior foi evitado. É bem provável que o país não degringole como a Venezuela e Argentina, mas as medidas não nos colocarão na rota do crescimento. “Os indicadores econômicos continuarão medíocres durante todo o segundo mandato da presidente Dilma”, avalia o ex-ministro Mailson da Nóbrega, da Tendência Consultoria. E qualquer derrapagem pode gerar grande impacto negativo sobre a Classe C, a definidora das eleições presidenciais. Ajuste eficaz e mais crescimento evitariam que o segundo mandato de Dilma fosse uma longa e melancólica cerimônia de adeus para o PT e aliados na Presidência.
Nos tempos de bonança nada foi feito para se garantir a necessária competitividade da economia.

Analistas de dentro e fora do governo, ouvidos pelo Blog, continuam céticos a respeito de qualquer avanço. O projeto referente ao Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), por exemplo, no Congresso, não representa nenhuma mudança considerável no que é considerado o coração da Reforma Tributária.

Não há lideranças políticas, nem empresariais, mobilizadoras de mudanças, ressalta Mailson. Não há aquele impulso transformador que favoreceu alianças programáticas em prol da modernização da economia, no primeiro mandado do governo Fernando Henrique. Não há construtores de estratégias e os principais interlocutores de Dilma pouco podem ajudá-la por viés ideológico e por entenderem praticamente nada do riscado: Mercadante, Pepe Vargas e Rossetto.

Lula vendeu a herança de FHC como maldita, mas se beneficiou dela. Colheu o que não plantou e nada replantou. O país está preso na armadilha da falta de rumo. Se nos resta o consolo de não vê-lo degringolar como a Argentina e Venezuela, também conviveremos com desesperança de ver o país destacando-se em qualquer setor de ponta. A salvação do Brasil, diante da falta de transparência do Executivo, nos últimos anos, segundo o ex-ministro, é que temos uma sociedade avessa à volta da inflação; um Judiciário capaz de bloquear medidas autoritárias; Ministério Público e Polícia Federal atuantes. “Não somos a Argentina que segue afundando. Temos um organismo que reage. Apareceu a dor, chama-se o médico.”

O médico, no caso, atende pelo nome de Joaquim Levy, é preparado intelectualmente, tem um histórico pessoal a ser defendido e não se sujeitará ficar à frente da Fazenda, fazendo número. Pressionado, pedirá o boné, é a convicção das fontes ouvidas. Não há dúvida de que, passado os primeiros meses do segundo mandato de Dilma, haverá pressões. E elas virão do PT, as mais barulhentas e as menos temidas. Virão do Congresso, na forma de aprovação de medidas que implicam mais gastos. Virão também do próprio Executivo. Há ministros com ambições políticas que dependem de resultados, de projetos que demandam recursos. Entre eles, Kátia Abreu, da Agricultura. Basta um sinal e a banca ruralista, no Congresso, articula-se. Tudo indica que o céu continuará cinzento, mesmo que não chova, e uma andorinha sozinha chamada Levy não nos trará a bonança. (Do Blog Matheus Leitão)

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