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abr 23 2017

HÁ GENTE QUE CRESCE NUMA CADEIRA DE RODAS. VEJA DOIS CASOS ENGRANDECEDORES

Sempre medito: por que algumas pessoas evoluem nas dificuldades e outras, nas mesmas condições, se afundam?

Cito um exemplo. Aqui em Brasília há um homem de cerca de 40 anos, que se denomina de Ivanildo do Skate. Ele me surpreende. Daria uma ótima reportagem…

É cadeirante. Às vezes, em determinados pontos da cidade, fica em cima de um skate pedindo ajuda. Vive mais tempo no sinal luminoso do Gilberto Salomão, mas também perto do Cemitério.

Tem o maior marketing. Coloca uma faixa grande de pano entre árvores (faixa de R$ 40,00) destacando seu trabalho e distribui pequeno folheto colorido.

Na propaganda, afirma que faz trabalho comunitário com mães pobres há 12 anos, no Jardim Morama, município do Jardim Ingá (Goiás).

No folheto, dá o número da conta na Caixa Econômica e afirma que aceita doações em comida, roupas, etc. As fotos pequenas mostram diversas fases do trabalho. Parece bem legal!

Tudo isso o paraplégico faz numa cadeira de rodas (às vezes skate), com altíssimo astral, cumprimentando todo mundo. E segue a vida!

Lembrei de outro que conheci, há décadas, o Joaquim Neto, de Sobradinho. Tinha físico semelhante: mulato, forte, cerca de 40 anos, também cadeirante. Corria o mundo de ônibus, pois sabia dobrar com extrema habilidade a cadeira. Cansava de ir, nessas condições, assistir jogos no Mané Garrincha.

Contou que trabalhou como peão na Novacap e era transportado em carroceria de caminhão. Num capotamento, ficou paraplégico.

Joaquim era um show. Conviveu comigo em campanhas eleitorais. Ao longo do tempo, dirigia escolinhas de futebol em Sobradinho. Meu Deus, como tinha energia!

Quando fui diretor-executivo da Fecomércio, década de 90, o então presidente Sergio Koffes me autorizou a contratar o Neto como contínuo. Dei a ele, além de salário, status.

Num dos amigos-ocultos de Natal, tirou meu nome e ficou nervoso, com medo de escolher mal o presente. Mandei dizer a ele: dê um CD da Marina…

Como Joaquim voava naquele Setor Comercial Sul, entregando correspondências, com mais eficiência do que qualquer cara normal fisicamente.

Quando cruzava comigo na rua, eu berrava: “Lá vem o Airton Senna” – e o famoso Neto de Sobradinho acelerava e levantava a cadeira, dando enorme gargalhada, por causa da minha brincadeira de amor sincero.

Anos depois, soube que morreu. Tinha grave deficiência renal. Foi um dos firmes amigos que tive na vida. Deve estar me protegendo lá em cima. (RENATO RIELLA)

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