RENATO RIELLA
Tenho uma irmã mais nova, Vera, que me acompanha no Facebook e faz aniversário hoje. Mora em Salvador e é alto astral (é auto-astral também). Anda na praia, dá aulas particulares, toca piano, faz hidroginástica e até arranjou um namorado legal, Andrade, com quem dança nos salões baianos uma ou duas vezes na semana.Há pouco tempo, Vera Riella fez profunda mudança em mim.
Foi numa das viagens à Bahia. Na verdade, acho que sou um cara legal, mas fui acumulando defeitos por aí. O certo é que tratava com impaciência a população de rua, muito ocupado que ando sempre – para nada.Em Salvador, saí de carro com Vera. Em cada sinal (sinaleira, lá), via aquele bando de negros e mulatos, sem boné, muitos sem camisa e até descalços, entregando folhetos ou vendendo miudezas.
Percebi que Vera abre o vidro do carro, agradece, sorri e segue adiante, sem se irritar. Comentei: “Você tem uma paciência!…” A resposta dela foi ótima: “Vejo em cada um deles o Fábio”.
Ora, Fábio é o filho de Vera, com quase 40 anos, servidor concursado da Justiça, branco e louro, bem sucedido, etc. Nada a ver…
Mas ela vê o Fábio em cada neguinho pobre entregando folhetos inúteis. Depois disso, melhorei. Converso com os garotos e garotas, agradeço pelos folhetos que não servem para nada e sigo em frente, lembrando que tenho uma irmã legal, aniversariante do dia. Mas não deixo de tomar cuidado com a segurança, pois meu maior medo na vida é sofrer seqüestro-relâmpago. Nem tudo é perfeito!
Quanto a Vera, que Deus proteja ela no aniversário e em toda a vida.
