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jan 24 2013

INFLAÇÃO, O PASSADO NOS CONDENA

FAUSTO MOREY (página eletrônica Contraponto)

 

 

Os efeitos da inflação variam   drasticamente em função da capacidade que cada indivíduo ou organização tem   para se adaptar, se proteger e até mesmo para ganhar com o processo.

A inflação é um “imposto   confiscatório altamente regressivo” que penaliza as camadas de menor renda da   população. Portanto, adotar medidas concretas para mantê-la sob controle é   melhorar a vida de todos, mas em especial a dos mais pobres.

A história econômica   brasileira mostra que em diferentes períodos e com presidentes das mais   diversas origens e orientações políticas, o país viveu o pesadelo da inflação   alta, de até dois dígitos.

Apesar de atualmente ela   estar na casa de um dígito, não custa lembrar que o pesadelo começa com um   dígito. No momento, quem está de plantão para enfrentar o “dragão da   inflação” é a presidente Dilma Rousseff.

 

 

 

COMO É O PROCESSO

INFLACIONÁRIO POR AQUI

 

O processo inflacionário   brasileiro é complexo e devido a diferentes fatores, como: pouca concorrência   em áreas chaves da economia, infraestrutura deficiente, estrutura tributária   inadequada, baixa poupança interna, investimento baixo, gastos públicos   ineficazes, educação básica e qualificação profissional deficientes, entre   outros.

A indexação ainda não foi   eliminada e esta cultura gera regras formais e informais de reajustes de preços   pela inflação passada: contratos imobiliários, aluguéis, tarifa de pedágio,   conta de luz, água e gás, mensalidades escolares, planos de saúde, correção   das aposentadorias e de taxas.

Alguns preços sobem por   ocasião de aumentos paradigmáticos, como é o caso do salário mínimo, e outros   apenas pelo fato de ser janeiro…

Desde a crise de 2008, o   governo brasileiro tem adotado medidas para estimular o crescimento   econômico, tais como: ampliação dos prazos dos financiamentos, redução de   impostos, aumentos das transferências do Tesouro para o BNDES e para os   bancos públicos, elevação dos gastos de custeio e, mais recentemente, a   redução das taxas de juros.

Com estes estímulos e o   aumento da liquidez ocorreu uma alta significativa e acelerada do preço de   diversos ativos, incluindo os bens imobiliários e, na seqüência, o dos   alugueis (ou vice-versa).

Em 2011, ocorreu uma seca nos   EUA e em outros países produtores, elevando fortemente os preços das commodities   agropecuárias, com forte impacto no preço dos alimentos. A alta de um   determinado bem sinaliza um aumento de sua demanda frente a sua oferta.

Milton Friedman dizia que a   inflação é um fenômeno monetário – deste ponto de vista, uma elevação pontual   de preços somente se tornaria generalizada, se a política monetária   sancionasse os aumentos.

 

 

 

INÚMEROS OLIGOPÓLIOS

OPERAM NO BRASIL

 

O Brasil é um dos mais   fechados países do mundo, onde operam inúmeros oligopólios. A liquidez e os   juros baixos facilitam o aumento de preços nos setores onde há menos   concorrência.

A valorização do Real nos   anos passados permitiu a entrada de bens que, concorrendo com os produtos   nacionais, ajudaram a conter estes preços, mas com prejuízo para indústria   nacional.

Em 2011 e 2012, o governo   estabeleceu um conjunto de barreiras às importações e agiu para desvalorizar   o Real, levando o dólar a subir de R$ 1,60 para o patamar atual de R$ 2,05,   com reflexos nos preços.

O mercado de trabalho está   apertado – estamos a pleno emprego, e os salários têm subido acima das taxas   de produtividade – os preços dos serviços dispararam e ainda continuam a   subir.

O BC já havia dito que traria   a inflação para o centro da meta em 2011. Repetiu a dose em 2012, mas a   inflação atingiu 5,84%. Agora diz que o fará em 2013 – é uma aposta de risco.

Há uma crença que,   postergando aumentos como o das tarifas de ônibus e do Metrô, a situação está   sendo “gerida” – a inflação é insidiosa e vai se instalando de mansinho e, de   repente, se torna a “dona do pedaço”. Aí, para colocá-la sob controle   novamente será um sofrimento enorme – não dá para arriscar.

Quem viveu sabe do que se   trata e ainda se lembra bem. Quem não viu não queira estar a bordo…

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