JOÃO CARLOS FEICHAS MARTINS
Alegando razões de saúde e impossibilidade de cumprir agenda de viagens internacionais inerentes a um chanceler, o senador José Serra pediu exoneração do cargo, em carta ao Presidente Michel Temer.
Serra também sucumbiu às “dificuldades” diárias para o exercício da Pasta, mas sem explicitá-las.
Mencionado nas delacões da “Operação Lava Jato”, Serra deixa a equipe de Temer depois de emplacar seu projeto de abertura da exploração do pré – sal para empresas estrangeiras, a primeira e talvez mais relevante vitória do governo Temer no Congresso Nacional.
Isso sinalizou a receptividade do Brasil aos grandes investidores, em especial as empresas petrolíferas dos Estados Unidos, que observam com preocupação a Rússia assumindo a liderança mundial da produção e iniciando perfurações em busca de lençóis na Amazônia, a partir de estímulos oferecidos pelos governos Lula e Dilma.
José Serra volta ao Senado, deixando como chanceler um Brasil mais altivo e comprometido com as tradições da política externa brasileira, que foram estilhaçadas pelo Bolivarianismo e Terceiro-Mundismo dos últimos 13 anos.
Ecumenismo, pragmatismo responsável, não – alinhamento automático e respeito ao princípio da não – intervenção em assuntos internos de outros Estados são balizas para a política externa do Brasil das últimas décadas, com ajustes estratégicos ao processo de globalização, mas tiveram distorções nos governos do Lulopetismo, numa salada mista sempre temperada pelo chef Marco Aurélio Garcia, assessor especial e imperativo do Planalto para assuntos externos.
O cargo exige mesmo um titular com vigor físico, e José Serra afirma que sua recuperação levaria quatro meses, segundo seu médico.
Temer não terá dificuldade para encontrar um nome com experiência profissional, habilidade política e tino empresarial para a Pasta, com sólidos conhecimentos na área de segurança externa.
