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set 24 2013

JUSTIÇA TENTA AFASTAR PRESIDENTE ETERNO DA CNC

 RENATO RIELLA

Antônio Oliveira Santos é sinônimo do abuso no Brasil, país que não se moderniza e mantém vícios oriundos da ditadura.

Ele permanece há 33 anos como presidente da Confederação Nacional do Comércio (CNC), com baixíssimo nível de resposta à sociedade. Porém, muito antes disso, já mandava na instituição, como vice-presidente.

Nos últimos tempos, seu mandato quase eterno tem sido contestado na Justiça, mas ele consegue reverter decisões contrárias, valendo-se de caros serviços de advocacia.

Agora, por exemplo, tenta escapar de decisão tomada na  20ª Vara Cível do Rio de Janeiro, que afastou Antonio Oliveira da presidência do Conselho Nacional do Sistema Sesc/Senac.

Com isso, ele fica de pernas quebradas (como se diz), pois a CNC vale-se dos bilhões arrecadados anualmente por SESC e Senac, dos empresários de comércio e serviços do Brasil. A sentença do juiz Josimar de Miranda atendeu à ação movida pela Federação do Comércio do Rio.

De acordo com a sentença, Oliveira Santos não pode administrar as instituições após ter tido as contas de 2000 rejeitadas, em 2004, pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

Segundo os advogados da Fecomércio-RJ, Santos permaneceu nos cargos “irregularmente por nove anos, porque o regulamento do Sesc/Senac diz claramente que ele não pode administrar essas instituições após ter as contas rejeitadas pelo TCU”.

Gente como Antonio Oliveira Santos mantém presidências eternas porque sua eleição é feita pelos presidentes da federações de comércio dos 26 estados e do Distrito Federal, os quais são agraciados com benefícios variados e ficam com o voto vendido.

É o que ocorre, por exemplo, na Confederação Brasileira de Futebol. Mas, no caso desse esporte, está passando no Congresso lei que poderá impedir as sucessivas reeleições viciadas.

Sobre o “dono” da CNC, lembro de uma história horrível. Na década de 90, ele contratou um jornalista brasiliense de nome nacional para coordenar a comunicação social da entidade.

O profissional ganharia o equivalente a dez mil dólares. Nessa condição, começou a trabalhar com pique total, quando foi convidado para almoço com Antonio Oliveira, aqui mesmo em Brasília.

Conversaram sobre amenidades. Ao final do encontro, o presidente quase eterno disse ao jornalista que sua principal missão seria tirar o nome da CNC da mídia – e não divulgar a entidade.

Explicou que, graças a isso, se mantinha no poder há tanto tempo e não queria mudar. O choque foi grande para o coordenador de comunicação, que permaneceu no emprego durante algum tempo mais, até arranjar outra atividade de peso, mas ficou decepcionado com o estilo assustador do patrão.

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